É sempre curioso ver quem é entrevistado quando o tema é emprego. Em qualquer área existem bons e maus patrões, mas na restauração há uma norma na Região de permitir aos maus exemplos serem também os mais ruidosos.
Em primeiro lugar, é importante reconhecer que existem muitos empresários dedicados, que investem tempo e dinheiro para criar empresas que geram emprego e desenvolvimento social. Especialmente em micro e pequenas empresas, muitos empresários sacrificam as suas horas de lazer, trabalham dia e noite, enfrentam riscos significativos e assumem uma carga de trabalho considerável para garantir a sustentabilidade das suas empresas.
A realidade empresarial, infelizmente, não se resume apenas aos bons exemplos. Existem também empresários que, em vez de reconhecerem os desafios do mercado e se adaptarem a eles, preferem reclamar das dificuldades que lhes são proporcionados pelo facto de as pessoas quererem viver as suas vidas. De quererem trabalho digno. De quererem, parafraseando “equilíbrio na qualidade de vida”.
Estes são os maus exemplos. A prioridade de quem trabalha não é o trabalho. É a sua vida. Nesta nova realidade pós-pandemia, muitos dos que viviam para trabalhar, decidiram, e bem, trabalhar para viver. Exigir sacrifícios a quem depois não tem mão no lucro é ter os olhos no próprio umbigo. Sejamos sinceros, ninguém começou uma empresa para criar emprego para os outros. Criámos empresas pela paixão do negócio, para fazermos algo nosso, para termos aquela tal independência.
Trabalhar no setor da restauração apresenta um rol imenso pontos negativos: horários noturnos, trabalho ao fim de semana e feriados, turnos repartidos, folgas rotativas, férias em épocas baixas, baixos salários, stress constante, horas “oferecidas” à empresa, falta de progressão na carreira, poucos ou nenhuns benefícios.
Uma nota final: Caro Dário, 1000€ recebia eu, fora gorjetas, num bar noturno há 20 anos, no Porto. Se queremos ser reconhecidos como bons empresários, há que em primeiro lugar perceber o custo de vida atual. Nunca houve tanto turismo, as receitas aumentaram, o aumento das nossas despesas foi inferior. Há mais dinheiro no cofre, mas o custo de vida dos trabalhadores disparou. Com 1000€, os jovens que são a nossa grande fonte de staff já não conseguem sequer sair da casa dos pais. Tentemos ser bons exemplos, pode ser?
Enviado por Denúncia Anónima
Terça-feira, 12 de Setembro de 2023
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