Q uem estes dias (17, 18, 19 de novembro) passou pelo centro de Santa Cruz não pôde ficar indiferente ao burburinho que lá se fez sentir. Eram sons, cheiros, sabores, Sons e Sabores da Madeira. Numa praça um tanto congestionada de algum mobiliário público e espaço verde, a Casa do Povo de Santa Cruz apresentou um evento sóbrio, exemplar, dinâmico e, acima de tudo: COERENTE! Não é uma festa “do papo-seco” sem pão, não é uma festa da cereja sem cereja, nem festa da castanha sem castanha, nem festa da cana de açúcar só com poncha.
Além de todos os restaurantes que envolvem a Praça Padre Gabriel Olavo Garcês, houve espaço para barraquinhas de artesanato e produtos com confeção exclusivamente regional: vários tipos de bebidas, doçaria, frutos, petiscos e pratos típicos, entre outros.
O alinhamento do evento procurou o equilíbrio entre as apresentações dos sons e sabores da Madeira, alternando entre o principal e palcos secundários (ou stands), de uma forma nada forçada, bastante tranquila de forma a que nós, enquanto público, tivéssemos tempo para apreciar, degustar, provar todos os impulsos artísticos que nos eram oferecidos, fossem eles em forma de cocktail, concertos, apresentações de chef’s ou prova de produtos madeirenses.
Este Sons e Sabores da Madeira marca a diferença pela harmonia e coerência da oferta: o “som” está em consonância com o “sabor”, o concerto eleva a experiência gastronómica a um ponto em que o ouvinte não precisa estar no ponto A ou B para ter a melhor combinação de experiências. Todo o evento respira uma saudável essência, resultado de uma combinação artística sublime.
Não foi um festival de música, como grande parte das “festas do papo-seco” o são. Arranja-se um pretexto para provar o “papo-seco” trazendo o artista X ou Y da moda, muitas vezes sem critério nenhum. A seleção de músicos e bandas pautou pela representação de vários grupos madeirenses, com qualidade. Notou-se a preferência por grupos do município de Santa Cruz, embora também estivessem grupos de outras partes da região, com qualidade reconhecida. Grupos de folclore, grupos de cordofones, grupos de fados, tunas académicas, grupos vocais, banda filarmónica, artistas profissionais e aprendizes: todo este elenco apresentou-se com uma qualidade artística que me deixa muito satisfeito, tornado possível por 4 entidades e pessoas que quero aqui apontar:
- AM SOM: “os meninos do Caniçal” não estão com meias medidas. Perante um projeto bem enraizado, planeado e com objetivos concretos de valorização cultural e profissional, facilmente mostraram uma capacidade de mobilização de gigantes. QUALIDADE E PROFISSIONALISMO, mais palavras para quê? Têm mão de obra super qualificada e equipamento de topo, e todos os participantes beneficiaram da sua experiência e excelência enquanto técnicos da área, para poder apresentar um espetáculo com qualidade. Empresa de TOPO regional. Parabéns!
- EDUARDO COSTA PRODUÇÕES: só este nome dispensa apresentações. Com trabalho e mérito já reconhecidos, não se deu por eles durante os três dias de evento. Transmitindo o evento no Facebook da Casa do Povo de Santa Cruz, bem como em alguns écrans estrategicamente posicionados, garantiram um padrão de qualidade invejável no panorama regional, ombreando com produtoras nacionais, e suplantando muitos canais regionais de televisão. A sua forma de trabalhar, mostrando cada etapa no seu todo, sem quebras, entrevistas, publicidades e outros, marcam a diferença. Não precisam de apresentadores pois manuseiam as suas câmaras de forma inteligente, realçando cada pormenor, quadro, performance, e quando isso acontece, o próprio conteúdo fala por si. Parabéns!
- CARLOS PEREIRA aka NENE, um verdadeiro Showman, foi o speaker de serviço. Sabe quando deve intervir e como deve intervir, e sabe também do que fala e com quem fala. Anos de experiência ajudam-no a discernir a melhor forma de evidenciar cada momento para que se torne único e também é um mobilizador de públicos. Longa vida a este amigo de todos os madeirenses e portossantenses! Parabéns!
- RENATO SPÍNOLA, Presidente da Casa do Povo de Santa Cruz: cada minuto deste evento tem o dedo deste Senhor. Incansável, divertido, simpático, dinâmico, sério e responsável, o presidente Renato lidera uma Máquina na sua casa do Povo. Munido por uma equipa quase anónima, eles estiveram lá, cada um no seu canto, na procura de que tudo estivesse em conformidade, a tempo e horas, sem nada faltar. Soube preparar, reunir, delegar, alertar. Ele já de si músico, revela talento e capacidade de liderança como não se encontra facilmente. É um jovem bem feito e comunica muito bem. Parabéns pelo trabalho. Eis o produto final: sucesso!
Meus senhores e senhoras, chama-se SONS E SABORES DA MADEIRA, para mim, o melhor evento que combina a arte e gastronomia regionais. Outras casas do povo, juntas de freguesia, câmaras municipais, governo… lidem com isso!
Ps: não sou familiar nem tão pouco residente de Santa Cruz. Mas tenho bom senso, ouvido e um paladar afinado.
Enviado por Denúncia Anónima
Segunda-feira, 20 de Novembro de 2023
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