N a Região Autónoma da Madeira, o conceito de alternância democrática, a transição regular de poder entre diferentes partidos políticos, é a papaia que o PS-Madeira adora atirar a torto e a direito. Embora alguns o considerem uma pedra angular da democracia, uma análise mais aprofundada revela que a verdadeira alternância democrática na Madeira é inatingível no atual clima político, particularmente devido à natureza dos principais partidos da oposição, nomeadamente o PS-Madeira.
A essência da democracia reside não apenas na alternância de poder, mas na presença de escolhas viáveis e independentes que representem verdadeiramente os diversos interesses do eleitorado. Na Madeira, a falta de autossuficiência política do PS-Madeira e a sua dependência das directivas, mais ou menos discretas, da sua sede em Lisboa mina fortemente este princípio. Este cenário priva os Madeirenses e Portossantenses de opções genuínas que correspondam às suas necessidades e aspirações regionais únicas.
O cerne da questão reside na abordagem do PS-Madeira à governação na Madeira. Em vez de actuar como uma verdadeira entidade regional, o partido aparece frequentemente como uma mera extensão do seu homólogo continental, priorizando os interesses e estratégias de Lisboa sobre os da Madeira. Esta subserviência não só sufoca a capacidade do partido de abordar eficazmente as questões regionais, mas também sugere um problema mais amplo dentro da estrutura organizacional e da independência ideológica do partido.
Para que a alternância democrática seja significativa, é imperativo que a principal oposição na Madeira, o PS-Madeira, se reinvente como um partido politicamente autónomo. Isto significa libertar-se da influência autoritária de Lisboa e concentrar-se no desenvolvimento de políticas e agendas que sejam adaptadas às necessidades específicas e ao contexto da Madeira. Envolve cultivar uma liderança regional que compreenda e esteja profundamente investida na região, em vez de encarar as posições dentro do partido como trampolins para “empregos de ouro” no continente.
O argumento a favor da autonomia política vai além da mera independência administrativa. Representa uma visão mais ampla de um partido que representa verdadeiramente o povo da RAM, que pode oferecer políticas e visões alternativas baseadas no panorama socioeconómico único da região. Uma tal transformação não só revigoraria o cenário político na Madeira, mas também proporcionaria uma escolha mais genuína e significativa ao eleitorado.
Embora o princípio da alternância democrática seja vital, o seu verdadeiro espírito na RAM só poderá ser concretizado quando o principal partido da oposição se emancipar das influências externas e alinhar as suas prioridades com as necessidades do povo madeirense. Só assim a alternância democrática poderá deixar de ser um exercício democrático teórico para se tornar um mecanismo tangível que assegura a representação da verdadeira vontade do eleitorado madeirense. Isto não é apenas um apelo à reforma política; é um apelo a uma redefinição da própria democracia no contexto da Autonomia.
Marquês do Laranjal
Enviado por Denúncia Anónima
Sábado, 27 de janeiro de 2024
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