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E screvi você, mas sou muito madeirense. Um madeirense desencantado entre “filhasdaputice” de Via Rápida, e passeios ao ar livre, fazendo corta-mato por entre a urze, o loureiro e o rent-a-car. Um madeirense que paga a creche e o infantário como se fosse um privado, e que também larga o ordenado no crédito da habitação. Aquele tipo de madeirense que só vai ao Porto Santo num “cruzeiro de um dia”, para fazer uma espetada, meter as patas na areia e na água da praia, trazer 1kg de areia dentro do fato de banho para ver a areia a cair no chão do duche quando chegar a casa, após mais 2h30 de viagem entre vómitos, sargaço, fumo de cigarro, chaminé e uma ventania dos diabos. Rais parta, agora nem lambecas temos… paz à alma do senhor.
Sou aquele madeirense que chega à hora do café e só se fala de política, do amigo que é primo do Secretário ou do conhecido que consegue uma cunha na Segurança Social. Das antigas listas “secretas” da Telexfree até às atuais charadas de mil e um esquemas para ganhar “uns trocos”. A hora do café é o quarto de hora mais longo da história. Fala-se deste o daquele que emigrou, ou do dono do negócio X ou Y que tem uma casa no Cabeço de Cima e que veio um russo com malas de dinheiro numa carrinha preta e lhe ofereceu €1.500.000 e ele nem pensou duas vezes.
É triste.
É triste ver esta região assim: doente, podre. É triste ver o madeirense trapaceiro, só preocupado com o seu umbigo, a cultivar as aparências, e à noite faz scroll no Face ou no Insta para ver as férias desta ou daquela que foi ao Dubai ou a outro destino Cliché. Porque “deles é o Reino dos Céus”…
É triste. Ir a um restaurante e ter de falar inglês para se fazer entender porque lá o sr. Trabalhador nasceu no Paquistão ou nas áfricas e não domina a nossa língua. Todo o respeito por essa gente que procura uma vida melhor. Não sou racista e tenho imenso respeito por toda a gente. Mas então, e nós?!? Onde anda o madeirense a trabalhar? Onde estão as condições de trabalho para que sejamos nós a trabalhar na nossa terra?
É triste não ir visitar a família, nem recebê-la no Natal. Está tudo muito caro. Antes para Heathrow do que para Lesbaua. Já que se vai para “Londres”, é ver se se arranja um caruncho por lá… é triste!
Gente, GENTE! Metam a pata na morna e pensem: “é isto que querem para a vossa vida??!”
Quando era piquininho dizia-se que “ah e tal, a Madeira e o AJJ, é só qualidade de vida, isto ainda é um cantinho do céu”. Agora, quem é que se sente bem aqui nesta terra? Seja pelo custo de vida, seja pela mobilidade, pela Saúde (ou falta dela), pela tranquilidade (daqui a dias só em alto mar…), pela [falta de] Educação, pense bem, do alto da sua consciência/ignorância/estatuto social, responda-me a isto:
SERÁ MESMO ESTA A MADEIRA QUE QUEREMOS PARA A NOSSA VIDA, FILHOS E NETOS?
Vote pela mudança. Não lhe aponto partidos: abra a pestana!
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