T enho visto alguns comentários, poucos, sobre as eleições europeias. De forma consensual e suportados pelas sondagens que vão saindo, a conclusão tem sido de que existe apenas um partido capaz de eleger alguém da Madeira.
Distraídos com quem forma governo e quem fica com a presidência da Assembleia, estas eleições vão passando despercebidas. Contudo, a influência da União Europeia nas nossas vidas é atualmente tão grande ou maior do que a do Governo Regional. Há 5 anos, a abstenção foi de 62% na Madeira. Este ano, e com os madeirenses fartos de serem chamados às urnas, este valor deve aumentar.
Confesso que fiquei curioso. Será possível que a Madeira não consiga eleger nenhum dos 21 eurodeputados portugueses no próximo mandato?
As contas são simples. Foram precisos 114 mil votos para eleger um deputado em 2019. Na altura, o PS elegeu 9, o PSD 6, BE e CDU 2 cada, CDS e PAN 1. O segundo deputado da CDU, que foi o último deputado a entrar, levou 4 mil votos de vantagem sobre o possível décimo do PS e 6 mil sobre um possível terceiro do BE. A Madeira tinha o sexto deputado do PS e o sexto deputado do PSD nas listas e garantiu assim dois lugares.
Então o que mudou?
A política da Madeira está, aos olhos do país, altamente desvalorizada. Não é só este ou aquele partido que o demonstra. Basta observar aqueles que são os partidos com possibilidade de eleger alguém - e retiro daqui, por óbvias razões, o PTP, que apesar de ter o Coelho como cabeça de lista, não tem expressão para sequer pensarmos que pode chegar aos mais de 100 mil votos necessários. Estes partidos colocaram a Madeira em segundo plano, com remotas hipóteses de ter representantes no próximo mandato. Os Açores, pelo contrário, têm garantido 1 deputado, com possibilidade de chegar aos 3.
Por partidos, de acordo com as sondagens:
- As sondagens dão 7 a 8 para o PS. Garantido está o candidato nº 5, dos Açores. Sérgio Gonçalves vai em 8º da lista e vai transpirar bastante para conseguir ser eleito.
- A AD está entre os 6 a 7 deputados. O 7º é precisamente açoriano, já Rubina Leal em 9º, participa à distância.
- O Chega deve colocar entre 3 e 4 deputados. Américo Dias ocupa o 6º lugar da lista, portanto também fora da corrida.
- Iniciativa Liberal, entre 1 e 2. António Costa Amaral é 3º. Nem o melhor resultado de sempre da IL em qualquer eleição da sua história permitiria ao candidato madeirense entrar. Já o 2º da lista é açoriano.
- Os restantes partidos, CDU e BE, a quem as sondagens atribuem no máximo 1 deputado, têm os seus candidatos tão abaixo nas listas que nem merecem ser mencionados.
Novamente, as contas são fáceis de fazer. O legado político da Madeira deixa a desejar ao resto do país. E a tal opinião que vou vendo, consensual, de que há apenas um partido que, TALVEZ, consiga manter a Madeira no parlamento europeu justifica-se. Resta saber o que a Madeira irá fazer com os seus 100 mil votos. Não há JPP nestas eleições, o Ventura não é candidato. Conseguirão os madeirenses enviar um sinal para os partidos que os relegaram a um nível de importância inferior ou continuaremos a votar como se estes fossem clubes?
4 mil votos fizeram a diferença na última vez.
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