M iguel Albuquerque, por uma vez por todas, este discurso tem de ser dito na Madeira, e vai ser dito na Madeira, e também a nível do país, da Europa e do mundo. O que hoje está a acontecer é a maior traição política da história recente da Madeira. É a prova viva de que a chamada “renovação” não passou de um embuste, de um teatro político montado para derrubar Jardim e tomar o poder, mas que nunca teve consistência, nem lealdade, nem fidelidade às suas próprias bandeiras.
Jorge Carvalho é o símbolo da falha da renovação. É o exemplo acabado da mentira, da incoerência e da degradação política. É o retrato do que sobra quando um movimento que nasceu a prometer liberdade e autonomia termina a servir de mera engrenagem de um poder que repete os vícios do passado, só que em versão ainda mais descarada.
Quando Miguel Albuquerque disputou as internas do PSD contra Alberto João Jardim, a sua grande bandeira era o Poder Local. Albuquerque defendia que as Câmaras Municipais e o Municipalismo deviam ser independentes do Governo Regional. Pregava que as estradas, as propriedades e os serviços tinham de estar claramente separados entre o que era da Câmara e o que era do Governo. Ele próprio falava em mapas, plantas e documentos para mostrar essa separação.
Foi com essa bandeira que Albuquerque conquistou a renovação. Foi com esse discurso que subiu. Foi assim que se apresentou como diferente, como o rosto da ruptura, como o defensor das autarquias contra o chamado “Império Jardinista”. Palavras dele. Palavras que hoje soam ocas, porque foram traídas por ele próprio.
Estamos em 2025. E Miguel Albuquerque, que outrora foi um grande autarca, que outrora ergueu a bandeira das Câmaras, que dizia lutar pela independência do Poder Local, agora apresenta um secretário regional do seu próprio Governo como candidato à Câmara do Funchal.
Repito: um secretário regional.
O que Albuquerque está a fazer hoje é pior do que aquilo que ele próprio criticava em Jardim. Se fosse no tempo da renovação, o próprio Albuquerque seria o primeiro a denunciar esta manobra como uma aberração, como um atentado ao municipalismo. Mas hoje, sem pudor e sem vergonha, é ele quem a executa.
E aqui chegamos ao cerne da questão: a renovação foi uma mentira. Foi um golpe de teatro. Foi uma encenação. O que era para ser esperança, acabou em oportunismo. O que era para ser independência, acabou em submissão. O que era para ser liberdade, acabou em controle absoluto do Governo sobre tudo o que mexe.
Miguel Albuquerque é hoje pior do que Jardim, porque prometeu ser diferente e tornou-se igual ou ainda mais cínico. O que ele faz agora com Jorge Carvalho é o exemplo máximo da incoerência.
Jorge Carvalho é o símbolo da falha da renovação. A prova viva de que a renovação morreu.
A partir de agora, a luta será clara: o Municipalismo e as Autarquias contra o aparelho do Governo. A sociedade civil contra a mentira. O povo do Funchal contra a imposição de um secretário de gabinete.
Miguel Albuquerque, ouve bem: qualquer que seja o partido, qualquer que seja a força política, todos vamos levantar a mesma bandeira que tu traíste. Vamos defender o Poder Local e vamos demonstrar que és um bluff.
És uma mentira. A renovação foi uma farsa.
E a Madeira não te vai perdoar.