Falta de Empatia e de Humanização nos Cuidados

H oje Fui ao Centro de Desenvolvimento da Criança para mais uma consulta de enfermagem com o meu filho, de dois anos, com perturbação do desenvolvimento. Entrei como entro sempre: com aquele misto de esperança e de cansaço que só quem vive este percurso conhece. Mas, mal começou a consulta, deparei-me com aquilo que tantos pais sentem mas poucos têm coragem de dizer em voz alta: uma enfermeira arrogante, mal-humorada e completamente desprovida de escuta empática.

Sentei-me e, antes de conseguir respirar fundo, ouvi o habitual: “Então… conte-me o historial.” E ali fiquei eu, mais uma vez, a repetir tudo. Tudo outra vez. Toda a história do meu filho, toda a história da nossa família, todas as terapias, cada dificuldade, cada avanço. Como se aquela senhora não tivesse, a um clique, acesso ao processo clínico dele. Como se não pudesse ter lido, preparado ou pelo menos ter noção do essencial. Quem tem filhos com alterações do desenvolvimento sabe: não é uma consulta, não são duas. São dezenas.

Mas o pior ainda estava para vir. A forma como o meu filho foi “avaliado” deixou-me genuinamente perturbada. Um teste pousado em cima da mesa, tarefas apresentadas de forma rígida, mecânica, sem adaptação, sem sensibilidade, como se todas as crianças fossem robôs programados para responder. Ela pedia, ele tinha de fazer. Disse-lhe algumas vezes que o meu filho conseguia realizar aquelas tarefas, mas que talvez precisasse de outra estratégia, outra forma de apresentar, outro ritmo. A resposta, sempre arrogante, foi curta e fria: “Quem sabe avaliar sou eu.”

E aí perguntei-me: e os pais? Acham realmente que os pais não conhecem os seus filhos? Acham que não sabemos do que eles são capazes, depois de anos de consultas, terapias, avaliações e de viver diariamente os seus desafios e conquistas? Fala-se tanto em respeitar as diferenças, em olhar para a criança como um todo, em adaptar a intervenção às necessidades individuais. Mas onde está essa abordagem nos serviços que, teoricamente, deveriam ser os primeiros a praticá-la?

As crianças que ali vão, como o meu filho, necessitam de técnicos que saibam o que fazem, sim, mas que também saibam ouvir, adaptar, respeitar e humanizar. Hoje, aquilo que mais me custou não foi o teste, nem o procedimento. Foi a falta de humanidade.

E à senhora enfermeira M., cuja postura foi marcada pela arrogância e pela total incapacidade de empatia, deixo um conselho sincero: procure outra área. Esta claramente não é para si. Há profissionais que fariam este trabalho com competência, respeito e, acima de tudo, humanidade. Cuidar de crianças, sobretudo crianças com necessidades específicas, exige mais do que técnica. Exige sensibilidade. Exige respeito. Exige consciência. Exige sair do "normativo" ...E isso, naquele consultório, faltou por completo.