T enho um amigo licenciado em planeamento urbano que não se limitou à sua área do saber e, ao longo da vida, foi tendo sempre a curiosidade de conhecer e aprender. Foi, assim, ganhando, espírito crítico, algo que é positivo para o seu desenvolvimento como Ser Vivo.
Sendo uma pessoa muito cordial no trato e respeitador da opinião dos outros, incluindo dos especialistas nas áreas em que não domina, tentando acrescentar valor às temáticas sobre as quais se debruçava.
Na área da saúde pessoal é daqueles que tem, por exemplo, o cuidado de ler as bulas dos medicamentos, de modo a tomar atenção a eventuais efeitos secundários e a ter de lidar com estes quando a toma fosse inevitável.
Essas cautelas eram extensivas ao diálogo com os médicos, não para questionar tudo mas (porque cada caso é um caso) para ter a esperança na melhor terapêutica a ser prescrita por estes profissionais. Alguns, com humildade, reviam o seu diagnóstico (precisamente por desconhecerem 'maleitas' ocultas); outros, jovens imberbes que nas urgências pensam que sabem tudo, nem diagnosticavam, não tiravam os olhos do programa médico instalado no computador, registando apenas o que as enfermeiras lhes iam dizendo da observação ao paciente.
A «evolução recente desta espécie... superior» ocorreu quando uma médica (de família) que o estava a acompanhar mandou uma secretária telefonar ao meu amigo e dizer-lhe (que não tem possibilidade de recorrer ao privado) que a sua consulta estava cancelada e que mudasse de médico. Perguntada a razão foi-lhe dito que era devido à perda de... empatia!
Como é possível chegar-se a este nível de prepotência?
O meu amigo, perplexo, ainda perguntou se havia um novo médico de família mas a resposta foi negativa, o que não é de espantar pois há um défice de médicos de família no serviço regional de saúde. A solução é um médico de recurso com consultas que demoram imenso tempo a agendar (na linha das listas de espera do Hospital).
Por outro lado, como é que estas decisões são comunicadas por telefone? É para que nada fique registado e assim essa médica não levará uma tamanha reprimenda ou processo disciplinar ou até uma queixa crime, da parte do meu amigo, a título de omissão de auxílio.
Rever o Juramento de Hipócrates (para os casos mais graves, 1 vez por semana) não ficaria mal a muita gente, numa época em que se perdeu a dignidade, a postura e, sobretudo, a Humanidade para com o semelhante.
O que terá a Ordem dos Médicos a dizer sobre isto? Asseguro ao Correio da Madeira e aos seus leitores que este testemunho é verídico e que o meu amigo só não dá a cara por receio de 'represálias corporativas'.
Não há apenas casos de recusa de medicação a pacientes (lamento, a propósito, a situação da portadora de HIV, que motivou a partilhar esta situação); passou a haver casos de recusa dos próprios pacientes. Alguém que diga aos médicos do serviço público quem ajuda a pagar os seus ordenados e a permitir que constituam empresas para ganhar ainda mais no privado.
É esta a Madeira Nova que se pretendia e que se apregoa? Oxalá houvesse uma imagem (que vale mais do que mil palavras) que retratasse esta pouca vergonha.
Enviado por Denúncia Anónima
Segunda-feira, 15 de julho de 2024
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