Um pouco de sombra como condição de trabalho.


A h, a encantadora Praia dos Reis Magos! Onde os calhaus brilham ao sol, as águas são cristalinas, e os nadadores salvadores... bem, eles estão lá, mas parece que a Câmara Municipal de Santa Cruz decidiu que eles devem ter uma formação especial em "equilibrismo sobre calhaus". Ou será que estão a ser preparados para um novo desporto radical, o "resgate ao abrigo do calhau"? Vamos desvendar este mistério, que desafia as noções básicas de bom senso e gestão pública.

Imaginemos o cenário: um dia de sol abrasador, turistas a estenderem-se sobre os calhaus, tentando encontrar uma posição confortável (se isso for possível), enquanto os nossos heróis do mar, os nadadores salvadores, ziguezagueiam entre os poucos guarda-sóis disponíveis, tentando encontrar uma migalha de sombra. A Câmara Municipal, numa tentativa talvez inovadora (ou surreal), decidiu que estes profissionais não precisam de um posto de vigia adequado. Para quê uma torre de vigia, quando se pode fazer "malabarismo à sombra" com um guarda-sol emprestado?

A verdade é que, enquanto os veraneantes equilibram-se nos calhaus, os nadadores salvadores de Santa Cruz andam num jogo de esconde-esconde com o sol. Estão ali para proteger, claro, mas será que conseguem ver o mar através do brilho ofuscante refletido pelos calhaus e das cabeças dos banhistas? É um mistério que só a Câmara parece não querer resolver.

E, claro, há a questão da segurança. Afinal, se o nadador salvador tem que decidir entre vigiar o mar ou evitar uma insolação, qual será a prioridade? Seria pedir muito que lhes dessem um lugar digno, com sombra e visibilidade? Talvez a Câmara Municipal de Santa Cruz ache que os nadadores salvadores são como aqueles super-heróis dos filmes: resistentes ao calor, à sede, e com visão de raio-X capaz de atravessar reflexos de calhau. Mas, infelizmente, estes heróis são de carne e osso.

Portanto, fica a pergunta: será esta a forma correta de tratar os profissionais que têm a responsabilidade de garantir a segurança na praia? Será que não merecem um mínimo de condições de trabalho? O próximo passo será talvez equipá-los com chapéus de palha e abanicos, porque modernidade é coisa que não se vê por aqui. Mas, quem sabe, num próximo verão, a Câmara decida inovar a sério e oferecer aos nadadores salvadores um posto de vigia, à moda antiga, daqueles que permite fazer o seu trabalho sem ter que fugir do sol.

Até lá, resta-nos aplaudir os nadadores salvadores pela sua paciência e dedicação, mesmo quando têm que proteger os banhistas enquanto se protegem do sol. E para a Câmara Municipal de Santa Cruz, fica o desafio: que tal começar a ver estes profissionais como seres humanos que merecem condições de trabalho dignas? Afinal, todos ganhamos com isso, não acham?

Enviado por Denúncia Anónima
Segunda, 19 de Agosto de 2024
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