PRR


O ra bem, aqui vai a minha humilde reflexão sobre o uso criativo dos dinheiros do PRR – ou melhor, sobre a verdadeira arte de transformar milhões de euros em brinquedos tecnológicos de última geração, com utilidade questionável.

Comecemos pelo espetáculo dos drones! Mas não qualquer tipo de drone – isso era básico. Estou a falar de drones submersíveis e aquáticos. Não um, não dois, mas três: dois que nadam como peixinhos, e outro, o rei da festa, que custou a módica quantia de 2,7 milhões de euros. Este, aparentemente, é uma espécie de peixe-cavalo-vapor do futuro, que só falta servir caipirinhas enquanto navega. Aparentemente, compraram também um barco para juntar à frota. Porquê? Não faço ideia. Talvez para os drones terem um sítio para estacionar.

Agora, a pergunta que não quer calar: o que é que a Madeira vai ganhar com isto? Investigar o quê? Baleias com wifi? Tubarões com bluetooth? Nem se deram ao trabalho de explicar! Só disseram que era para "investigação". Pois claro, investigação de como gastar milhões sem que ninguém perceba o porquê.

Mas vamos falar claro: não sou eu que me oponho a um bom drone, longe disso! Se me disserem que com isso vão descobrir o próximo tesouro dos Piratas do Caribe ou talvez encontrar o submarino perdido do Titanic, até eu fico entusiasmado. Mas até agora, a única coisa que os drones e o barco me trouxeram foi a ideia de um orçamento mais afundado do que o Titanic propriamente dito.

Agora, se me permitem mudar de tema por uns instantes, gostava de falar dos meus filhos. Sempre foram queridos, mas nunca ganharam um prémio de "génio do ano", se me faço entender. Para eles, a escola sempre foi uma espécie de maratona... só que a deles era em slow motion. Por isso, fiz o que qualquer bom pai faria: meti-os numa escola privada, com explicações extra-escolares para ver se eles, coitados, ao menos arranjavam notas que os levassem a uma universidade privada. Investimento atrás de investimento. E depois de todo esse esforço, sabe o que aconteceu? Nada. Zero. Nem um estágiozinho a dar voltas às cadeiras de um escritório! A economia lá fora parece tão afundada como os drones no fundo do mar.

Mas não faz mal, porque há solução! Se os seus filhos forem como os meus – aqueles que precisaram de mil e um reforços para entender o básico e, no fim, ainda não arranjam emprego – dirijam-se ao Tecnopolo! Sim, a nossa bela incubadora de talentos, onde a ARDITI está à espera de contratar as futuras mentes brilhantes da inutilidade pública. Trabalho para quem? Para quem, na verdade, não faz grande coisa! Isto sim, é que é um verdadeiro investimento.

Sabe o que é ótimo? Lá, o trabalho é simples: você não faz nada, não contribui em nada para a sociedade, mas, ao menos, gasta alegremente o dinheiro do PRR, tal como aqueles drones que andam a explorar o nada. É quase um novo conceito de utilidade pública: parece que está a fazer alguma coisa, mas não está.

Portanto, não se preocupe! Entre drones submersíveis, barcos sem rumo, filhos sem emprego, e empregos sem propósito, a Madeira está a navegar em águas seguras… ou afundadas, dependendo do ângulo do drone.

Enviado por Denúncia Anónima
Quinta-feira, 3 de Outubro de 2024
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