Caro Presidente Miguel Albuquerque.
E spero que esta carta o encontre bem, que a brisa do Funchal esteja a soprar-lhe gentilmente enquanto reflecte sobre as muitas promessas feitas ao longo dos últimos anos. Ora, venho com um pequeno apontamento, em tom amistoso, mas ligeiramente crítico - quase como quem fala com um velho amigo que precisa de ser recordado de um certo detalhe esquecido.
Já ouvi dizer, em certos círculos, que há planos para mais um túnel em Câmara de Lobos. E não que eu tenha nada contra túneis, claro! São ótimos para ligar sítios que, de outra forma, nos fariam andar mais uns quilómetros na estrada e perder a paciência. Mas, a verdade é que, se há obra subterrânea que eu e muitos outros estávamos à espera, era o túnel marítimo. Aquele que, de forma poética e quase épica, nos foi prometido nas últimas eleições: o famoso ferry!
Ah, o ferry, Presidente. Lembra-se dele? O que ia ligar a Madeira ao continente, que nos ia levar às compras a Lisboa num piscar de olhos, ou a uma escapadela romântica a Porto Santo, sem a necessidade de gastar o dobro do PIB de uma pequena vila num bilhete de avião. Foi esse ferry que, vamos ser sinceros, deu aquele toque mágico à sua campanha e fez muitos de nós pensar: "Este Miguel, ele tem visão!" Só que, até agora, a única coisa que vimos a navegar são promessas à deriva.
Entenda-me bem: eu percebo que o túnel em Câmara de Lobos pode parecer uma ideia fantástica para facilitar o trânsito, mas, Presidente, nós já temos túneis que chegam para dar e vender. Daqui a pouco, até os carreiros de Monte precisam de túneis próprios para não sentirem inveja! O que nós precisamos mesmo é daquele ferry, aquele que nos foi vendido como o bilhete dourado para um futuro de acessos rápidos e baratos ao continente. Até agora, parece que o barco ficou encalhado... no seu discurso.
Então, e com todo o respeito, sugiro que guarde a broca e o betão e olhe mais para o mar. Se é para ligar algo, que seja a Madeira ao mundo lá fora, como nos prometeu. Afinal, o túnel pode levar-nos a Câmara de Lobos, mas o ferry prometido era suposto levar-nos muito mais longe — à confiança em quem nos governa.
Deixo-lhe este lembrete com o máximo de consideração e a esperança de que a sua próxima grande inauguração seja numa doca, com um ferry a buzinar alegremente, e não numa rotunda nova. Porque, Presidente, promessas são como barcos: não servem de nada se ficarem amarrados ao cais!
Não tenha medo do Grupo Sousa, ele também vai visitar a PJ brevemente!
Enviado por Denúncia Anónima
Quinta-feira, 3 de Outubro de 2024
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