Resposta ao artigo sobre o campo do CD Nacional


Sobre esta publicação: O Campo do Nacional entre um novo Lugar de Baixo e a Inoperacionalidade do Aeroporto

A lém de surreal e de misturar «alhos com bugalhos», o artigo que coloca o campo do CD Nacional entre a Marina do Lugar de Baixo e a inoperacionalidade do Aeroporto Cristiano Ronaldo é abusivo, excessivo e a roçar, manifestamente a má-fé, além de padecer de uma putativa «tri-ignorância» histórica, a qual não pode passar incólume, agradecendo desde já ao Correio da Madeira esta oportunidade para, como sócio do CD Nacional independente da estrutura de poder interno e externo, abaixo assinado, proceder ao seguinte «direito de resposta».

Primeiro Ponto: Ao contrário do Campo do Nacional, a Marina do Lugar de Baixo nunca esteve operacional. Foram - ao que se sabe - cerca de cem milhões de euros «espatifados» por aquele que, dizendo pretender um Ferrari - e que o espatifou à primeira curva chegado do Condado da Calheta para a Marina do Lugar de Baixo, cuja equipa de assessores ignorou o conselho dos pescadores no tocante à orientação das marés e à previsibilidade - queixou-se num congresso laranja de estar a conduzir um Fiat Seiscentos.

Na época passada não tenho ideia de que os jogos na Choupana tivessem sido adiados e, se o autor tivesse tido a preocupação de estar atento, meia-hora depois da decisão de adiamento já teria havido condições para voltar ao jogo. A «FLY LAMPIÂNICA» é que não esperava pelo atraso, nem a situação financeira desse clube permitiria estender mais uma dormida na Madeira, no que seria uma receita extraordinária para o Turismo.

A taxa de operacionalidade do Estádio da Madeira - isto porque, ao contrário do que muitos desejavam, os nacionalistas também são madeirenses e porque somos o CLUBE ÚNICO a representar a Madeira no principal escalão do futebol português - recomenda-se. Assim não fosse e já a sectária Liga Portugal ter-se-ia pronunciado em sentido contrário.

E como fomos «obrigados» - já lá iremos - a sair do centro do Funchal, fizemos das fraquezas forças, pois que, tendo uma equipa habituada a treinar a e jogar no estádio com a mais elevada altitude da Liga, há vantagem teoricamente comparativa face aos nossos adversários.

Segundo Ponto: Inoperacionalidade do Aeroporto

Só quem não viajou em período anterior à ampliação do aeroporto é que desconhece aterragens complicadas na Madeira, numa altura em que as entidades aeronáuticas internacionais estipulavam limites à intensidade do vento muito superiores aos que actualmente se registam.

O que acaba por ser contraproducente na medida em que este aeroporto oferece outras condições de segurança -  a começar pela extensão da pista. É o que dá termos agora pilotos que voam para o computador e não de acordo com a sua perícia, o que decerto lhes permitiria avaliar, em concreto, a situação em vez de subordinar-se às directivas do piloto automático que tem introduzido os limites-padrão no que toca ao vento. A chapa quatro  nunca resultou.

Falem com responsáveis pelo tráfego aéreo e com pilotos de outros tempos e confirmem. Tive uma familiar com anos e anos de aeroporto antigo e muitas tardes por lá passei, não estou a falar de cor.

Mesmo assim, em proporção, o aeroporto da Madeira tem uma taxa de inoperacionalidade superior à de jogos adiados na Choupana. Alguém que tenha paciência em calar de vez estas «bocas de café» - e de divisão inferior -  faça a estatística. De modo a comprovar o excesso dessa argumentação.

Lembro-me, a propósito, da peregrina ideia de nos anos oitenta do século passado, de pretenderem criar um Aeroporto no Santo da Serra... e quiçá libertar a área actual para um resort de acesso interdito a madeirenses... O que não teria sido essa taxa de inoperacionalidade.

Terceiro Ponto: Os Barreiros foram «roubados» ao Nacional e aos outros clubes, como o União, remetido para a Ribeira Brava, que concorriam a nível nacional com o «clube do regime». Segundo foi tornado público na altura, a cedência à Região do campo dos Barreiros tinha inscrita uma cláusula que impedia aquilo que foi feito pelo desgoverno regional: dar o estádio ao Marítimo. E que ainda por cima transformou um caldeirão num caixote «inestético», tão ao gosto dos patos-bravos.

A ironia é que esta mesquinhez é de tal ordem que temos um Estádio no qual a selecção portuguesa já jogou utilizado apenas para uma divisão inferior. Uma nova Leiria na Madeira...

Como notas finais:

Se o autor está preocupado com o nome do nosso Estádio, pode sugerir ao seu presidente - que tem como obra mais relevante a impune agressão a um adepto - que mude o nome do seu. Olhe, deixo como sugestão: o Estádio da Madeira Nova, apropriado símbolo do betão que tornou esta ilha num queijo suíço de atentados ambientais. Seria justo.

É engraçado que o meu clube é criticado pela localização, na Choupana, do Estádio da Madeira, sem que haja a decência de dizer qual seria a alternativa, em área limítrofe à dos Barreiros, para a mudança forçada e ilegal a que fomos sujeitos. E se a memória não me atraiçoa, não interessava aos interesses turísticos-imobiliários que os terrenos da Praia Formosa fossem destinados à construção do nosso novo Estádio, segundo o que se falava então em surdina.

Ao contrário do que o autor tendenciosamente afirma - certamente encorajado ao fim de uma pequena travessia de deserto em termos de resultados da sua equipa, graças ao treinador «de classe mundial» que foram buscar... - não é o nosso Estádio o motivo de gozo da Pérola do Atlântico. É o mesmo que apontar o dedo a uma árvore esquecendo a floresta. Muitos dos artigos escritos no Correio da Madeira por pessoas a quem me vergo pela sua honestidade intelectual, ilustram as causas desse gozo. 

Porque gosto de dar uma nota musical aos artigos que escrevo, lembrei-me daquele do comuna Zeca Afonso, com as necessárias adaptações regionais:

Pérola Vila Morena
Terra de Impunidade
O Polvo é quem mais ordena
Dentro de ti, Ó Cidade

Por fim, desconheço as verdadeiras razões da escolha da Choupana para a construção do Estádio da Madeira. Não esquecendo que todos os clubes madeirenses e associações desportivas, sem excepção, foram manipuladas no sentido de se transformarem instrumentos da política desportiva do desgoverno regional. Manipulação facilmente executada pelo facto de inexistir independência financeira do erário público. 

Qualquer sócio minimamente consciente - de qualquer clube e em especial daqueles que, tendo estado na divisão principal, foram despromovido - não se sente confortável em ver uma pseudo-elite de favores políticos agregada aos nossos clubes e a usufruir de benesses de tribunas VIP e estacionamentos gratuitos. Sobretudo quando passamos a pagar 5 euros por cada jogo que vamos assistir.

Compreendo os «sapos engolidos» por muitos dirigentes de modo a gerir os seus clubes em condições precárias e com interferências dum aglutinador poder regional. E compreendo o silêncio de muitos sócios - como eu, de qualquer clube, em especial os que não sejam facciosos - que aguardam por uma mudança de regime político, pois sedimentam a sua esperança num facto inabalável: 

Todos os clubes históricos da Região são mais velhos que a Autonomia. Pelo andar da carruagem e pela forma como a maltratam, esta inevitavelmente desaparecerá. Aqui sim há os cinquenta por cento do nosso «amigo da onça», o autor do escrito.

Mas as nossas instituições - porque fundadas em relações familiares intergeracionais e não à conta de aparências e de imagens postiças de poder efémero - permanecerão.

Muito cuidado e respeito quando escreva sobre o CD Nacional. Lave as mãos antes e coloque a mão na consciência. Recuso-me - e certamente não estarei só -  que o CD Nacional seja «saco de pancada» dos males da Região e válvula de escape para frustrações e, salvo o devido respeito, «dislates» obscurantistas, como os que li.

Se «vozes de burro não chegam ao Céu», há todavia que tomar conta das que existem na Terra. Olhando, neste caso, de cima para baixo. Num duplo sentido.

Um abraço da Madeira de - e na - Primeira, para a «Madeira Nova».

Pedro Marques de Sousa

Sócio do CD Nacional número sete mil duzentos e cinco, passível de ser encontrado no lugar sessenta e oito, fila M - de Madeira, curiosamente - do Sector Central; com entrada pela Porta Três do Estádio da Madeira, o da Primeira Liga.


P.S. Fique o autor descansado que não escrevi este artigo por «encomenda» de alguém e, por outro lado, nem sou «vassalo» do Eng.º Rui Alves, que cordialmente respeito e cuja acção já tive a oportunidade de enaltecer em local próprio. O próprio Correio da Madeira poderá confirmar, pelos artigos que já assinei expressamente, a minha independência, sentido crítico e «desprendimento» a vários níveis.

P.P.S. - Acho lamentável a postura de alguma «lampionagem» ao interromper o minuto de silêncio pela morte de Daniel Guimarães. Vindo de quem vem acaba por ser natural. E mais lamentável saber, directamente da boca de um próprio atleta alvi-negro -  que a Liga Portugal terá impedido que os nossos jogadores usassem o nome do malogrado Daniel nas suas camisolas. Dois pesos e duas medidas a favorecer os grandes. Se assim é, que esses grandes passem a jogar apenas entre eles.

Enviado por Denúncia Anónima
Segunda-feira
, 7 de Outubro de 2024
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