Arditi: 6 milhões para olhar o mar (e mais nada) ?


Não há pobres porque alguns nadam em dinheiro.

C aros leitores do Correio da Madeira, ponham-se confortáveis e deixem-me falar-vos de uma instituição que merece o nosso aplauso. Não, não é pela sua transparência ou pelos problemas que resolve, mas pela criatividade com que gere... bem, 6 milhões de euros para observar o mar. Sim, leram bem: olhar o mar. Talvez com binóculos de ouro, quem sabe?

A Arditi (que até soa a um nome digno de uma missão da NASA) recebeu, pasmem-se, um orçamento digno de fazer inveja a muita junta de freguesia, tudo para "investigar" o Atlântico. Mas fica a pergunta: o que é que eles investigam, exatamente? Será que têm equipas de cientistas a estudar o comportamento das ondas ou se limitam a contar quantas sardinhas passam ao largo da Ponta de São Lourenço? Porque, sejamos honestos, 6 milhões de euros parecem muita massa para um "clube de admiradores do mar".

E o melhor? Não sabemos se apresentam relatórios de contas obrigatórios para justificar como gastam o dinheiro público. Será que compram drones para espiar golfinhos? Ou talvez cadernos luxuosos para registar as "vibrações marítimas"? Quem fiscaliza tudo isto? Não sabemos. Mas, se calhar, vocês também deviam estar a perguntar, caros leitores. Afinal, em tempos de crise, é bom saber para onde vai cada cêntimo dos nossos impostos.

Outra dúvida pertinente: os regulamentos de funcionamento desta instituição foram feitos como manda a regra num país democrático? Ou terá sido algo mais... "criativo"? Será que houve debate público? Audiências? Ou limitaram-se a fazer uma ata com três gatos pingados a dizer "parece-me bem"? No entanto, nada disso importa, porque, ao que parece, democracia não é bem o foco aqui — o foco é, claro, o mar!

Mas voltemos às investigações que se fazem por lá. Será que estão a estudar soluções para os problemas regionais? Por exemplo, ideias para lidar com o aumento do nível do mar que ameaça zonas costeiras, ou projetos para apoiar a pesca artesanal que tantos madeirenses dependem? Nada disso parece sair da Arditi. Até agora, o único impacto visível das suas "investigações" parece ser nos orçamentos públicos. A resolução dos problemas? Esses continuam firmes e inabaláveis, tal como as ondas.

Portanto, a pergunta que deixo aos leitores é esta: não vos desperta a curiosidade que 6 milhões de euros sejam enterrados no fundo do mar sem ninguém explicar exatamente para quê? Será que há peixes que sabem mais do que nós?

A Arditi diz-nos que o mar é um universo de mistérios. Pois é, mas acho que o maior mistério aqui não está nas profundezas do oceano — está mesmo à superfície, na gestão deste dinheiro.

Enviado por Denúncia Anónima
Quarta feira
, 20 de Novembro de 2024
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