"Burros mas felizes: o plano genial do governo madeirense"

U m povo estranhamente feliz na sua ignorância… Parece que finalmente descobrimos o plano secreto do governo: quanto menos soubermos, menos reclamamos. Imaginem, um gabinete qualquer, algures no Funchal, cheio de burocratas de gravata a debater o futuro da nossa educação. Um deles, provavelmente com uma poncha na mão, diz:

"Epá, e se cortássemos nos livros, na educação? Trocar livros por... sei lá... uns cartazes coloridos com slogans tipo ‘A vida é bela, não compliques’? Assim o pessoal fica distraído e não vai chatear o governo."

E não é que funcionou? Bibliotecas esvaziadas, jornais locais pagos por nós sabemos quem… reduzidos a três parágrafos sobre o tempo e programas culturais substituídos por festivais de carne espetada. Afinal, quem precisa de cultura quando podemos simplesmente encher o bandulho e brindar à saúde do presidente do governo regional? Cultura é para os fracos. Ou pior... para os CONTINENTAIS!

A escola, coitada, tornou-se num lugar onde se ensina o essencial: ler as placas das estradas (muito úteis para encontrar o próximo miradouro) e contar trocos para pagar a poncha. Filosofia? Arte? Cidadania? Isso são modernices que só servem para complicar a vida. Quem é que precisa de saber como funciona um governo, quando temos festas e arraiais para nos entreter? Enquanto houver bailarico, ninguém pensa em crise.

Menos pessoas informadas significa menos protestos, menos perguntas difíceis e mais votos garantidos. E como ninguém está suficientemente informado para entender que os impostos estão a subir ou que os fundos europeus desapareceram misteriosamente, está tudo na paz do Senhor. A cada nova inauguração de um banco de jardim ou rotunda, lá vamos todos, de bandeirinha na mão, agradecer ao governo pela generosidade.

Então, da próxima vez que alguém se queixar de que a Madeira precisa de mais cultura ou informação, lembrem-se: ignorância é felicidade. E aqui, somos muito, muito felizes. Afinal, se não soubermos o que está errado, como é que podemos reclamar? 

Enviado por Denúncia Anónima
Segunda-feira, 30 de Dezembro de 2024
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