T enho presenciado a discussão entre os que acham que é boa ou má ideia ter o almirante Gouveia e Melo como Presidente da República. Percebo os pontos de vista, mas antes de abordar o assunto, é preciso começar pela razão da popularidade do homem, tem o seu jogo escondido mas é simples, os partidos tradicionais e seus políticos defraudam e cansam as pessoas, quando aparece alguém sem jogo e com a idoneidade que a instituição militar confere acontece isto. Os eleitores vão à procura da pessoa credível. Mas ainda antes de dizer o que penso, temos que abordar outros pormenores.
Só o facto do homem ser o alvo e o debate da ocasião, está a eclipsar os outros potenciais candidatos, as Presidenciais parecem ser ele e os outros. O estigma que renasce à volta de militares a ocuparem a Presidência da República, tem naturalmente raízes em factos históricos, culturais e políticos. Acho que nos deveríamos cingir ao país, mas pronto, temos muito mais do que o país a votar.
Não creio que pelo facto de, na nossa democracia já constar o General Eanes, como Presidente da República nos 50 anos de democracia, que haja qualquer caráter de hereditariedade quando ainda por cima não tivemos um regime autoritário (excluindo a Madeira 😁). Agora, da maneira como se chantageia, ainda vão dizer aos luso-descendentes, de todo contexto nacional, que vem aí o militar conotado com regimes autoritários. Ainda vão comparar Portugal com a América Latina, onde houve ditaduras militares durante boa parte do século XX e, nas quais, os governantes suprimiram direitos civis, censuraram a imprensa e reprimiram opositores. Só me lembro da Madeira de novo 😁. Está aqui um factor histórico, quando um militar assume o poder, há quem tema um retorno a práticas autoritárias, mesmo que o militar esteja no cargo por meios democráticos.
Algumas pessoas não gostam de militares com poder por causa da percepção de distanciamento democrático. No caso de Portugal você sente isso? O Chega é mais problema do que o Almirante. Agora, se me disserem que as Forças Armadas, por sua natureza, operam numa hierarquia rígida, com ênfase na disciplina e na obediência, o que contrasta com a essência da política democrática, que é baseada no debate, negociação e na diversidade de opiniões, eu aceito. Mas não é a balbúrdia democrática que nos faz pedir mais serenidade, não são os partidos tradicionais que defraudam as expectativas das pessoas para gerar este desejo de contrariá-los, com um candidato militar que não falte à palavra?
Mas atenção, aceito sim que disciplina e obediência gere a impressão de que líderes militares podem ter dificuldade em lidar com a pluralidade e a complexidade de uma democracia. Voltamos à Madeira? Acha que o Presidente da República, numa "magistratura de influência", se vire para uma centralização do poder? Como vai o Presidente da República centralizar o poder, pela força das armas? Acham que um Presidente da República militar vai provocar a politização das Forças Armadas que deveriam ser instituições neutras e voltadas à defesa do Estado? Acha que isso pode enfraquecer a sua legitimidade e até provocar instabilidade institucional? Não creio, repare que já estivemos à saída de uma ditadura com um Presidente militar. As pessoas são diferentes, mas não creio.
Não acredito que haja quebra da ordem democrática com um Presidente militar. A situação das vacinas mostrou que a este candidato não faltou habilidade para encarar a administração pública. Alguns militares na política conseguem aliar o sentido de disciplina e dever, típico da sua formação, com valores democráticos e uma boa gestão.
Sou a favor da candidatura do almirante Gouveia e Melo, na perspectiva de ser eleito e de se recandidatar, para acertar na muche num tempo que parece que não vai falhar. O nosso país julga-se nos limites da Europa e que não precisa de se preocupar de investir na defesa. Pessoalmente, não sinto confiança nas nossas forças armadas e julgo que se deveria apostar numa indústria militar que produza lucro para, em parte, se sustentar. A população só se vai convencer da necessidade dos 2% do PIB em defesa quando se vir aflita. Toda a Europa tem vivido na ideia do desperdício de fundos na defesa quando falta tanto na vida civil. Os tempos mudaram. Mas começando uma guerra e estando na NATO, mesmo que não chegue guerra ao país vai ter que ajudar os outros países. Temos que nos preparar para não ser necessário e como forma de dissuasão. Não acredite em russos, mentem sempre.
Por isto e porque já estou cansado das palhaçadas de Marcelo, aceito o almirante Gouveia e Melo como um bom candidato a Presidente da República.
Enviado por Denúncia Anónima
Sábado, 14 de Dezembro de 2024
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