Colapso do HNM ou do SRS/RAM


E is a questão fundamental. O HNM tem á volta de 650 camas, desde 1973. A população tem vindo a aumentar e a esperança de vida também. Ora porque será que hoje, com uma população maior residente, assim como a população flutuante em crescimento, o turismo e estrangeiros residentes, mantivemos o mesmo estilo e filosofia organizacional na saúde? 

Lembro que a primeira proposta para o Novo Hospital eram de 1000 camas que, não sendo necessárias, nessa nova unidade, elas o são de forma descentralizadas nos quatro principais centros de saúde devidamente edificados, de forma estratégica no Arquipélago, e porque não se pode esquecer o Porto-Santo, o dotar de um pequeno hospital implica repensar as ligações marítimas e aéreas no Arquipélago.

Deixou-se a saúde entregue a gestores de “diarreia”, pior o hospital central do Funchal na mão de meia dúzia de directores de serviço que se serviram dele, como a sua “clínica Privada ao seu serviço”, eram eles os “donos” e dele faziam o que queriam.

Hoje, embora esse regime feudal e de servidão tenha sido atenuado, pela crescente intervenção das Ordens Profissionais e sindicatos, assim como partidos da oposição que sempre denunciaram o clima de máfia instalada na saúde, hoje, ainda existe a ideia de que alguns tudo podem, e de tudo dispõem, sem dar cavaco a ninguém.

Sim, o sistema colapsou, implodiu e não foi por falta de aviso.

Desde 1999 que varias entidades e individualidades vêm avisando para aquilo que agora, antes profecia, finalmente se tornou realidade. No DN existem milhares de Cartas do Leitor sobre este tema.

Desde 1997 e mesmo quando a lei foi alterada em 2006, a tal que implementava as redes sociais municipais, precisamente para se descentralizar o social e a saúde, o governo regional da Madeira não adoptou a lei, porque o povo superior, tinha as casinhas do povo.

Estamos a colher anos e anos de erros de palmatória na saúde e de laxismo laranja, que apenas se focaram em sugar os orçamentos regionais. A saúde alimenta hoje muitos empresários, da saúde.

Nunca ninguém se preocupou nem com o CHF, nem com o actual HMM, o foco era mercantilizar a saúde e nomear as pessoas certas para se atingir estes objectivos. Qual é o valor da dívida hoje da empresa SESARAM? Quantos milhões, e onde se andou a gastar ou a desbaratar tanto dinheiro? Será que valeu a pena?

Gastaram milhões no hospital, no bloco, nas urgências, nas consultas, criaram o hospital em casa e até querem gastar mais uns milhões na urgência novamente, não sabemos onde, quiçá numa eventual expansão para a zona da farmácia, gastam milhões em programas, gastam, gastam e para quê? Onde estão os resultados de tudo o que se gasta?

Talvez se alguém despertasse e investisse em formação na área da gestão clinica seria a melhor decisão em décadas, feita por profissionais devidamente habilitados. Já não se pode com épocas de “caos” em contínuo, a abertura da caça à cama vaga, esquecendo ou desprezando a necessidade de se priorizar o tratar e cuidar de forma responsável e eficiente, sem se colocar em riscos terceiros e profissionais.

Em hospitais centrais maiores do que o HNM, por essa Europa dentro, a gestão clínica das vagas é efectuada inclusive por enfermeiros devidamente capacitados e habilitados. Mas cá, a centralização de tudo no médico desvia o profissional daquilo que está melhor preparado para fazer. e executa o que não sabe.

É hoje sobejamente conhecido e reconhecido que, a actual filosofia organizacional dos hospitais em Portugal e na RAM, é anacrónica e obsoleta, assim, como a planificação colaborativa e participativa entre parceiros na saúde, no social e inclusive com as autarquias. Seria aqui que estaria, com a criação de redes sociais municipais, o sucesso da descentralização dos cuidados de saúde, garantindo a continuidade de cuidados nos domicílios. 

O próprio Dec. Lei 115, de 14 Junho de 2006, exige que a rede seja comandada por um núcleo executivo, composto pelas entidades com maior peso, no social, na saúde e inclusive na educação, para uma maior literacia das populações sobre matérias, nas quais devem ser naturalmente envolvidas, no que concerne a direitos e deveres de cada cidadão.

Hoje a politica na saúde é mais marketing eleitoralista, gastamos milhões num departamento de informática e outros milhões em cimento e obras, num hospital que aparentemente querem depois desactivar. Pergunta-se o porquê desse eventual objectivo, desactivar uma unidade que foi e é um sorvedouro de dinheiros públicos? É inaceitável este descalabro na utilização do dinheiro dos contribuintes?

Assistimos a uma guerra de números, as pessoas não são números, não são listas de espera, não são 16 mil cirurgias, não se pode falar na eficiência na saúde de forma matemática, não se relaciona a quantidade que entra ou sai da lista, mas da quantidade dos que saem com qualidade de vida garantida. Na saúde é vergonhosa a manipulação de estatísticas, e é aqui que políticos e gestores se enrolam, em décadas de faz de conta.

Verifiquem então a taxa de colaboração entre o hospital e centros de saúde, numa área de partilha comum, que deveria ser assistir o utente em casa. Hoje o hospital pode ir a casa mas não consegue garantir uma presença assídua, e verifiquem também as equipes nos centros de saúde, quais as que têm hoje capacidade de mobilidade garantida numa assistência de 24 horas nos domicílios.

A resposta é fácil, não existem. Nenhum centro de saúde consegue garantir. No entanto, o SESARAM quase que investiu 1M€ no programa Hospital em Casa, com resultados claramente negativos, assim se prova o actual caos nas unidades de internamento.

Ficam os cidadãos com a opção única do hospital, da urgência hospitalar e dos internamentos, tal e qual, como acontece há décadas. Estão explicadas as altas problemáticas, está explicado o caos cíclico na urgência, está explicado a contínua sobrelotação das unidades de internamento… um bailinho a saúde na Madeira.

Enviado por Denúncia Anónima
Quinta-feira, 16 de Janeiro de 2025
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