Carta aberta ao Grupo Sousa: quando o monopólio navega em mar de conveniência


Caros senhores do Grupo Sousa,

É com um misto de frustração e incredulidade que nos dirigimos a vós, os indiscutíveis mestres do transporte marítimo na Região. Indiscutíveis não por mérito competitivo, porque, convenhamos, concorrência é coisa que por aqui parece ter sido exilada, mas por uma confortável posição de monopólio que vos permite operar ao vosso ritmo, com a vossa conveniência, e com um desrespeito que só quem não tem alternativa consegue exibir.

Seis semanas. Seis longas semanas em que o Lobo Marinho foi para manutenção fora da Região, porque, claro, apoiar estaleiros locais ou planear manutenções com antecedência seria pedir demais. Mas a cereja no topo do bolo? O navio regressa... e está avariado. Sim, após mais de um mês ausente e milhões investidos, a embarcação volta com mais problemas do que soluções. Chamem-nos exigentes, mas o mínimo que se espera de uma manutenção é que, no final, o navio funcione.

Mas por que haveria o Grupo Sousa de se preocupar? Quando se é o único operador, pontualidade, qualidade e respeito pelo passageiro tornam-se conceitos dispensáveis. Para quê melhorar quando todos sabem que, queixem-se ou não, continuarão a depender de vós? É uma gestão baseada na mais pura certeza de impunidade. Os passageiros? Clientes cativos, reféns de um serviço que se arrasta ao sabor da vossa boa vontade.

O mais irónico é a narrativa de "serviço público" quando, na prática, o que se observa é um negócio privado que explora as necessidades da população. Não se trata apenas de transporte. Trata-se de mobilidade, de famílias que ficam penduradas, de trabalhadores prejudicados, de turismo afetado e de uma Região inteira refém do vosso calendário.

O Lobo Marinho devia ser um símbolo de ligação e confiança. Em vez disso, tornou-se o espelho de uma gestão que aposta na falta de alternativas para perpetuar um serviço de qualidade questionável. E enquanto isso, quem paga, literal e figurativamente, é a população.

Fica o apelo: se não é pelo profissionalismo ou pela ética empresarial, que seja, ao menos, por um pingo de respeito para com quem sustenta esse monopólio. Porque mais do que barcos, o que se exige é responsabilidade.

Com profunda insatisfação (mas sem escolha),

Os passageiros cansados de esperar... e de engolir desculpas.

Enviado por Denúncia Anónima
Quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025
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