H á quase 62 anos (28 de Agosto de 1963), Martin Luther King (se não sabem quem é, perguntem ao "dr. Google") fazia, em Washington DC, um discurso que se tornou célebre (actualmente dir-se-ia “viral”), mas cujo conteúdo, infelizmente, nunca se transformaria totalmente em realidade.
Em poucas palavras, para não ocupar muito espaço (recomendo a leitura integral do discurso, facilmente encontrado na Internet), o reverendo baptista criticava a situação que existia no seu país (EUA), de segregação da comunidade, principalmente negra, e os abusos sobre ela cometidos, e revelava que ansiava por uma terra de liberdade e oportunidade, em que os afroamericanos (e não só) não seriam julgados e tratados pela cor da(s) sua(s) pele(s), mas pelo conteúdo do seu carácter.
Parte de tal discurso, com o devido distanciamento e adaptação, pode, com toda a propriedade, ser transposto para os dias de hoje e para a realidade madeirense. Será qualquer coisa deste género:
"(…)
Digo-lhes hoje, meus amigos, que, apesar das dificuldades e frustrações do momento, eu ainda tenho um sonho. É um sonho profundamente enraizado no sonho madeirense.
Eu tenho um sonho de que um dia este arquipélago levantar-se-á e viverá o verdadeiro significado da crença da maior parte dos seus habitantes: todos os homens são criados iguais e como tal devem ser tratados.
Eu tenho um sonho de que um dia, das terras áridas da ponta de S. Lourenço até às agrestes rochas das piscinas naturais de Porto Moniz, todos filhos dos descendentes dos descobridores, e aqueles que aqui chegaram à procura de uma vida melhor, sem o insano opróbrio de quaisquer diferenças (sociais, económicas, ideológicas), poderão sentar-se juntos à mesa da fraternidade e comungar dos benefícios ainda reservados só para alguns.
Eu tenho um sonho de que um dia, novos e velhos, todos os sufocados pelo calor da injustiça e espezinhados pelo ódio e pela opressão, verão o seu quotidiano transformado num oásis de liberdade e justiça.
Eu tenho um sonho de que homens e mulheres um dia viverão numa terra onde não serão julgados pela sua opção política, mas pelo conteúdo do seu caráter. Eu tenho um sonho hoje.
Eu tenho um sonho de que um dia a justiça se cumprirá e que quem prevarica seja julgado célere e implacavelmente. Eu tenho um sonho hoje.
Eu tenho um sonho de que um dia todos os vales serão elevados, todas as montanhas e encostas serão niveladas; os lugares mais acidentados tornar-se-ão planícies e os lugares tortuosos tornar-se-ão retos e a verdade será revelada e todos os seres a verão conjuntamente, sem truques nem subterfúgios.
Essa é a minha esperança. Essa é a fé com a qual eu me apresento perante vós. Com essa fé, nós poderemos esculpir na montanha do desespero uma pedra de esperança. Com essa fé, poderemos transformar as dissonantes discórdias no nosso arquipélago numa linda sinfonia de fraternidade.
Com essa fé, poderemos trabalhar juntos, almejar juntos, lutar juntos, ser honrados juntos, defender a liberdade juntos, sabendo que um dia haveremos de ser verdadeiramente livres.
E esse será o dia... Esse será o dia, quando todos os cidadãos retos poderão entoar com um novo significado: minha ilha é também tua, doce terra da liberdade, de ti eu canto.
Ilha onde viveram nossos pais, terra do orgulho dos descobridores e seus descendentes, que de cada lado das montanhas do maciço central da ilha, de que o pico Ruivo é símbolo, ressoe a liberdade!
E se a Madeira quiser ser uma grande terra, isso tem que se tornar realidade.
Que a liberdade ressoe então do cantar da água das levadas que descem das montanhas.
Que a liberdade ressoe do poderoso nascer do Sol no pico do Areeiro.
Que a liberdade ressoe das douradas areias do Porto Santo.
Que a liberdade ressoe das escarpas alcantiladas de Santana, S. Vicente e Porto Moniz.
Que a liberdade ressoe dos picos austeros da Ribeira Brava.
Mas não só isso; que a liberdade ressoe da costa soalheira da Ponta do Sol.
Que a liberdade ressoe de cada montanha e de cada pequena elevação de Câmara de Lobos, Santa Cruz e Calheta.
Que a liberdade ressoe dos ventos murmurantes de Machico, terra onde começou a história da Madeira.
Que a liberdade ressoe da altaneira cidade do Funchal.
Que de cada encosta, ribeira, pedra, árvore, caminho, casa, voz... a liberdade ressoe.
E quando isso acontecer, quando permitirmos que a liberdade ressoe, quando a deixarmos ressoar de cada vila e cada lugar, de cada concelho e cada cidade, de cada um de nós onde quer que estejamos, seremos capazes de fazer chegar mais rápido o dia em que todos os filhos desta terra, honestos, íntegros e imbuídos pelo desejo de liberdade e igualdade para todos os seus irmãos, poderão dar-se as mãos e cantar as palavras da esperança no futuro: Finalmente livres! Finalmente livres!"
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A Revolta da Madeira - 1931 |
Se nós quisermos, os mais de 150 mil eleitores (abstencionistas incluídos) que, politicamente, renegam o lodaçal “laranja” e todos os que o apoiam, podemos mudar o cenário actual já no próximo dia 23 de Março.
Basta não nos acomodarmos, basta não deixarmos aos outros aquilo que é nosso dever, basta não ignorarmos o que se passa à nossa volta, basta lutarmos pelo que é correcto, basta... VOTAR, nos quadrados certos!!!
Está nas nossas mãos, AGORA!
Depois, não adiantam lamentos, arrependimentos ou sentenças injuriosas.
Enviado por Denúncia Anónima
Quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025
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