A Praia Formosa não é apenas um pedaço de costa; é um pedaço da alma do Funchal. Durante gerações, tem sido refúgio para famílias inteiras, um espaço democrático onde o mar pertence a todos. Foi ali que se viveram verões de infância, que se construíram memórias inesquecíveis, que o Funchal respirou liberdade. Agora, essa mesma praia está em risco de ser mutilada, de ser vendida ao betão e ao lucro fácil, com a cumplicidade de quem deveria protegê-la.
Se Cristina Pedra permitir que avancem as obras que ameaçam a Praia Formosa, estará a escrever o seu nome na história como cúmplice de um atentado contra a identidade funchalense. Não há eufemismos para o que se pretende fazer: privatizar, descaracterizar e destruir um dos últimos redutos de praia livre na cidade. Será essa a herança que quer deixar? Será esse o seu legado – o de alguém que cedeu à avareza em detrimento da herança coletiva? Não bastaram já as inúmeras agressões urbanísticas que transformaram recantos idílicos da ilha em sombras do que foram?
Há muito tempo que a Madeira sofre com uma visão curta e gananciosa do seu território. O argumento do progresso tem sido usado como desculpa para erodir a paisagem e apagar o que nos torna únicos. Mas progresso não é transformar um espaço público num privilégio para poucos. Progresso não é substituir calhaus por cimento nem mar por esplanadas privadas. Progresso, num lugar como o Funchal, devia significar preservação e respeito pelo que faz desta terra um lugar especial.
A Praia Formosa não é um espaço vazio à espera de ser explorado. É um símbolo, um espaço de encontros, um direito da população. Mexer nela é mexer com a história de um povo. Se Cristina Pedra insistir em seguir este caminho, então que esteja preparada para enfrentar o julgamento da memória coletiva dos funchalenses, que não esquecerão quem decidiu virar costas à sua própria terra. Que não se iluda com a ideia de que o tempo apagará as marcas das suas decisões; a História não perdoa aqueles que traem a sua terra, e a consciência de um povo é mais resistente que qualquer obra de betão.
Enviado por Denúncia Anónima
Sábado, 8 de fevereiro de 2025
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