Não há "abstencionistas" a fiscalizar eleições.

Toda esta gente vai fiscalizar as eleições a 23 de março?

A s eleições na Madeira! Esse fascinante espetáculo democrático onde o povo escolhe, mas... bem, vamos por partes. Oficialmente, quem controla as eleições na Região Autónoma da Madeira é a Comissão Nacional de Eleições (CNE), que supervisiona o processo para garantir que tudo decorra com “lisura” e “transparência” - palavras que soam sempre melhor no papel do que na prática. Há também as comissões eleitorais distritais e locais, que tratam da logística: distribuição de boletins, montagem de mesas de voto, e claro, da célebre contagem, onde cada voto é supostamente tratado com o cuidado de uma relíquia sagrada.

Mas e na prática? Aqui é onde a coisa ganha contornos de novela. A máquina partidária dominante - não vamos nomear ninguém, para manter o suspense - costuma ter uma rede tão eficiente que faria inveja a qualquer serviço secreto. Há presidentes de junta que conhecem cada eleitor pelo nome, apelido, nome do cão e até a marca da torradeira. Não é raro o telefonema amigo na véspera das eleições: “Então, já decidiu? Precisa de boleia até à urna? Olhe que temos café e bolinhos!” - pura cortesia democrática, claro.

Depois, temos os famosos “empregos de ocasião”. Meses antes das eleições, obras públicas brotam como cogumelos depois da chuva, contratos a prazo surgem misteriosamente, salários da Arditi aumentam de forma pouco transparente, obras começam nas praias e promessas de investimento tornam-se quase poéticas. Tudo coincidência, obviamente. Quem sugerir outra coisa está a ser cínico - ou pior, “inimigo da autonomia”!

E no fim, quando as urnas fecham e os votos são contados (entre cafés e olhares cúmplices), surge a vitória “inesperada” do mesmo partido que controla a região há décadas. Quem diria! Seguem-se discursos inflamados sobre a “vontade do povo” e a “confiança renovada”. E assim, com um toque de magia e muita tradição, mantém-se o status quo.

Mas, calma… a democracia está viva e recomenda-se! Afinal, o povo é soberano - e no dia 23 de março, acordaremos com um novo Presidente. Toca lá a ir votar e confirmar que: o voto não é em branco, que o seu nome é assinalado como votante, esteja atento a telefonemas e ofertas obscuras, já não resultam Miguel Albuquerque. Já compraste a viagem para o Dubai para o dia 24 de março de 2025?

Enviado por Denúncia Anónima
Quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025
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