TURISMO: vamos abordar este sector que tanto impacto tem na nossa região, e do qual tanto dependemos (infelizmente, pois com mais um possível fenómeno global ficaremos “a seco” novamente).
O Turismo, grande alavanca económica, tem sido um fator de crescentes desafios à qualidade de vida dos residentes na região. Se por um lado alguns sentem que precisamos de mais (tipo época alta no Porto Santo), por outro lado outros trabalhadores madeirenses cada vez mais anseiam por uma manhã de quarta-feira em janeiro no Porto Santo (época baixa). A pressão turística impacta habitação, mobilidade, regulamentação no alojamento local e o próprio mercado de trabalho.
Quero dirigir-me aos “três grandes” para vos desafiar a apresentares medidas concretas para mitigarem os problemas que passo a colocar.
1. Precariedade laboral. Quem não já ouviu falar desta e daquela empresa à procura de casas com condições nada dignas, para lá “enfiarem” 40 estrangeiros porque são o “músculo” da atividade? Horários excessivos e trabalho sobrecarregado costumam ser apanágio destas entidades, mas o madeirense que aguenta está calado pois prefere “dar o braço a torcer” do que abrir a boca e ser prontamente substituído. Que medidas têm os 3 grandes para mitigar estes problemas? O JPP já anunciou subsídio de insularidade para os trabalhadores do privado. E mais? E os outros problemas?
2. Transportes. A qualidade da nossa mobilidade enquanto cidadãos é inversamente proporcional ao número de prémios que o Turismo foi “conquistando” ultimamente. Se os últimos melhoraram algum reconhecimento internacional da região, a mobilidade para residentes piorou consideravelmente (e aqui faço um aparte: vocês governantes não “enxergam” que, ao mesmo tempo que promovem um destino de excelência, estão a suportar uma mentira? Dêem um passeio pela ilha e vão aqui e acolá almoçar. Está de caras!). Trânsito, trânsito, mortes na estrada, acidentes, resgates na serra, no mar, mais um motociclista que morreu, mais um rent-a-car que não sabe fazer rotundas, mais um camião na VR. Isto está caótico! Como é, srs. Partidos dos 3 grandes, vamos construir mais estacionamentos, vamos aumentar para 4 faixas de cada lado na Via Rápida, vamos fazer túneis para todo o lado… ou vamos regulamentar e controlar o sector? O PS diz que quer construir a VR para a Calheta e um metro a partir do Caniço. Isso resolve? E o resto da região? E os outros?
3. Habitação. “Vamos construir 300 mil casas a cada semana”. Não vale a pena prometerem a construção de mais casas, se não resolverem os problemas anteriores. Mais casas, mais carros, mais pessoas, mais mão-de-obra barata e precária, mais fundos do PRR, mais tudo… Peguem no Alojamento Local e regulem, legislem, para que onde FIZER SENTIDO haja alojamento local, e onde for necessário, as casas fiquem disponíveis para arrendamento de longa duração! Assim assistimos a uma silenciosa expulsão dos residentes dos grandes centros urbanos para as periferias. Sabem no que resulta? – mais carros, mais trânsito, mais insatisfação. Tudo interligado! Querem uma sugestão? – apresentem um decreto regional onde seja PROIBIDO alojamento local em espaços superiores a 70m quadrados; casas que sejam pequenas demais para que uma família a use como moradia principal, mas que possam ser rentabilizadas. Assim não se ocupa uma casa inteira para AL, podendo ajudar outras famílias que precisem. Fica a dica. Vamos lá, 3 grandes, onde estão as vossas propostas a estes problemas???
4. Pontos turísticos: caiu neve? Siga para o Areeiro ou Achada do Teixeira. Vamos à serra? Trânsito, trânsito, trânsito… isto começa a ser repetitivo…O Governo PSD começou com a cobrança dos trilhos. Não acho má a decisão, mas ainda não é suficiente. Se há uns tempos criticava-se a taxa turística, julgo que neste momento precisamos mais de uma taxa para entrada na RAM do que propriamente uma taxa turística cobrada pelos rececionistas de Hotel. Havia de ter uma alfândega no Aeroporto e Porto do Funchal (e Marinas) onde se pagasse €10 por pessoa só para entrar na região. €2 é muito pouco, não se sabe para onde vai o dinheiro, e as levadas continuam com varandas estragadas, sinalização deficiente e os turistas continuam a explorar novos caminhos não recomendados. Curiosamente a ideia da multa dos €1000 está bem pensada, está…
Estamos a poucos dias das eleições e este cidadão trabalhador não está satisfeito. Querem tanto gerir os destinos da nossa região? Então apresentem soluções concretas. Não queremos mais promessas vagas, nem campanhas cheias de vídeos e cartazes que ignoram os problemas reais.
O turismo, que nos sustenta, também nos asfixia. A habitação tornou-se um luxo. Os transportes são um caos. Os trabalhadores locais enfrentam precariedade e exploração. As nossas estradas e montanhas transformaram-se em cenários de trânsito e acidentes.
A Madeira precisa de mais do que discursos e propaganda. Precisa de coragem política para regular o turismo sem comprometer a qualidade de vida dos residentes. Precisa de ações concretas para equilibrar crescimento e sustentabilidade.
As palavras já não chegam. Os madeirenses exigem mais do que isso. Está na hora de agir. Tal como diz a música dos Extreme: “More than Words”.
Enviado por Denúncia Anónima
Quinta-feira, 6 de março de 2025
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