C hamem-me preguiçoso, se quiserem. Para mim, é elogio. Porque a verdadeira inteligência está em procurar o caminho de menor esforço para o maior ganho. O ser humano, esse autoproclamado ser racional e evoluído, conseguiu a proeza de ser a única espécie do planeta que paga para viver aqui. Que génio brilhante é esse que nos convenceu de que o progresso está em escravizar-nos voluntariamente?
Trabalhas oito horas por dia, cinco dias por semana, enfiado num cubículo, a troco de um ordenado miserável que mal cobre as despesas básicas. E no final, chamam-te sortudo por teres dois dias de “descanso” e 21 dias por ano de “liberdade supervisionada”. É isto que chamam de vida? De liberdade?
Nascemos nus, sem posses, e partiremos da mesma forma. E no entanto, passamos os anos mais preciosos da nossa existência a pagar contas, impostos, rendas, taxas. Pagamos para beber água, quando nenhum outro ser vivo neste planeta tem de o fazer. Pagamos para habitar uma casa, mesmo depois de a termos comprado, construído ou herdado. Afinal, a casa é tua ou do Estado? A terra onde vives é tua ou de uma entidade invisível que dita regras e te impõe obrigações?
Quem foi que decidiu que tínhamos de viver assim? Quem inventou o salário mínimo, os contratos de 40 horas, as reformas precárias? Quem determinou que o tempo da tua vida vale tão pouco? Que tens de vender a tua juventude por tostões, para no final talvez receberes uma reforma que nem te permite aquecer a casa no inverno?
Enquanto isso, os abastados vivem num mundo à parte: golfe ao fim de semana, compras em boutiques de luxo, férias em paraísos tropicais, piscinas de água aquecida e tempo – muito tempo. E tudo isso, claro, financiado com o nosso suor. O nosso esforço, o lucro deles.
É uma cadeia invisível: acordas cedo, apanhas transportes sobrelotados, obedeces a horários, produzes, obedeces, pagas. Obedeces. E dás graças por não estares “desempregado”. Não vês? Fomos domesticados a aceitar uma prisão com paredes invisíveis, a acreditar que pagar para existir é normal. Mas não é.
Os nossos antepassados viviam do que a terra dava, trocavam o que produziam com os vizinhos, colhiam, caçavam, construíam. Viviam com menos, mas viviam livres. Hoje, tens tecnologia, medicina, acesso à informação, e mesmo assim estás preso. Dizes que és livre, mas não és. A tua liberdade é condicionada por boletos, recibos, dívidas, e horas de trabalho. A tua paz está hipotecada.
E tudo isto porquê? Para sustentar um sistema que te obriga a sobreviver, mas nunca a viver. Um sistema que te faz crer que trabalhar até à exaustão é dignidade, que pagar para beber água é civilização, que dever dinheiro é normalidade.
Acorda.
Isto não é vida. É uma simulação controlada. Uma ilusão vendida como evolução. Um teatro onde poucos escrevem o guião e todos os outros representam o papel do obediente. Mas a máscara está a cair. Já não se trata só de exploração económica, trata-se de roubo de tempo, de sonhos, de vida.
Estás a ser enganado. Desde o berço até à cova.
A verdadeira revolução começa quando deixas de aceitar o inaceitável. Quando recusas vender a tua vida por um ordenado mínimo enquanto os que nada produzem acumulam fortunas obscenas. Quando questionas tudo: por que pagamos para viver? Por que obedecemos a horários criados por outros? Por que aceitamos que o nosso tempo seja tratado como descartável?
Acorda. O futuro é teu. Mas só se o tomares de volta.
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