P ortugal, o país onde a justiça chega… de pantufas, e muitas vezes só depois do lanche. Ricardo Salgado, o ex-dono disto tudo, finalmente a colecionar uns modestos 6 anos e 3 meses de prisão. Quase uma estadia de luxo prolongada, falta saber se o menu do refeitório tem foie gras e se há vista para o jardim. Já Alexandra Pinho, que por acaso é casada com o ex-ministro que recebeu uma “mesada” de 15 mil euros enquanto estava no governo, apanha uns simbólicos 4 anos e 8 meses… suspensos, claro. Porque castigar a malta bem-posta? Isso é para quem rouba frascos de Nutella no supermercado.
Manuel Pinho, por sua vez, leva com 10 anos, e não por incompetência, que isso não dá cadeia em Portugal, mas por corrupção passiva, fraude fiscal e branqueamento de capitais. Uma espécie de triplo salto mortal no Código Penal. E pensar que este senhor andava de fato e gravata a decidir o futuro do país, enquanto recebia envelopes invisíveis com o selo do Espírito Santo.
Mas vamos ali até à Madeira, à ilha onde o arquipélago político parece viver num spin-off da série “Narcos”, versão autárquica. Miguel Albuquerque, sempre pronto a sacudir os ombros com ar de “isto é tudo uma cabala”, e Pedro Calado, estrela caída da novela camarária, fazem Salgado parecer um aristocrata. Ali, os escândalos estalam mais rápido que foguetes no fim do ano. Só falta o grupo Espírito Santo reencarnar em forma de empresa local.
E no meio disto tudo, o povo… esse povo paciente, que ouve as notícias com a mesma cara com que vê os resultados do Euromilhões: a sonhar, mas sem grandes esperanças. A verdade é que estamos fartos de “não me lembro”, “não era comigo”, “estava de férias” e “sou completamente inocente”.
Mas, e aqui está o mas importante, há sinais de que a maré pode estar a virar. Gente poderosa a ser julgada, condenada, e até (milagre dos milagres) a cumprir pena. A verdade está a deixar de ser opcional. Pode demorar, pode vir aos solavancos, mas a justiça, mesmo manca, ainda caminha. E cada vez mais, o povo começa a perceber que não precisa de se calar, de aceitar ou de baixar a cabeça.
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