Chega ao Poder: bem-vindos à República Chegânica de Portugal
L ogo no primeiro ano do governo do Chega, como seria? Caótico como o de Trump? Tem pessoas para isso. Primeiro, Portugal deixou de ser uma democracia europeia e passou a ser uma distopia ibérica com sotaque autoritário e t-shirt nacionalista, mande fazer os bonés. Tipo Portugal XXXL.
Constituição? Vamos ali e já vimos. Aqui Albuquerque que atenta contra o Estado de Direito acompanhava. Primeira medida? “Revisão profunda” da Constituição. Mas não é bem revisão, é mais… liquidação.
Acabam as “palhaçadas garantistas”. Vem aí:
- Prisão perpétua (porque castigo resolve tudo).
- Castração química (porque o Estado agora também é urologista).
- Punição para “crimes de opinião”, se forem de esquerda, claro.
- A Estrela de David por aí?
O Tribunal Constitucional?
Fechado para obras. Indefinidamente. “Limpeza do sistema”, o eufemismo preferido de André Ventura convoca uma “purga democrática”, porque se for “democrática”, pode ser repressiva.
Milhares de funcionários públicos despedidos, começando pelos que não bateram palmas ao novo hino do regime.
Professores “ideologicamente enviesados” suspensos, a nova definição de enviesado é “alguém que leu Saramago”.
Jornalistas “anti-patrióticos” banidos dos canais públicos. O novo telejornal da RTP é apresentado por um ex-comentador do Chega com a bandeira ao fundo e uma bíblia em cima da mesa. O Chega sabe usar a Igreja melhor do que Albuquerque.
Universidade? Só se ensinarem os “valores tradicionais”. Cursos de género e sociologia? Extintos.
Educação sexual? Só com abstinência e heteronormatividade.
Aulas de História? Reescritas: o Estado Novo passa a ser “um período de estabilidade, disciplina e bons modos”.
Comunicação Social: agora com censura 2.0. Aqui até eu sou do Chega. A ERC (Entidade Reguladora da Comunicação) é fundida com a PSP. A liberdade de imprensa é substituída pela “liberdade de elogiar o governo”.
O Expresso? Confiscado.
A SIC? Nacionalizada.
O “L” de “liberdade de expressão”? Apagado do abecedário.
Minorias, migrantes, e a nova “unidade nacional”. Todos os migrantes considerados “incompatíveis com os valores portugueses” são sujeitos a revisão de residência. Tradução: expulsos. Ciganos? Ventura já disse tudo. Casais LGBT? Podem existir, mas não na televisão, nem nas escolas, nem em casamentos.
Europa? Só se for para bater com a porta. Portugal bloqueia resoluções europeias sobre clima, direitos humanos e inclusão. Drill, drill, drill ...
Em vez de Bruxelas, o novo eixo é Budapeste - Miami.
Greves? Não no Portugal Chegânico. Sindicatos “com viés político” perdem financiamento e sede. Greves são consideradas sabotagem. Pena: prisão até 10 anos ou reeducação laboral nas Berlengas.
Por fim: querem a receita da Argentina?
Porque quando se mistura autoritarismo com populismo, nacionalismo com xenofobia, ignorância com arrogância, e promessas fáceis com cortes brutais... o prato que sai do forno não é uma pátria restaurada. É um país falido, isolado e em queda livre, como um Make Portugal Great Again.
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