M iguel Albuquerque é advogado, não se pode escudar no desconhecimento, antes, por conhecer, apanha pena máxima. O que se passou ontem com a publicação de um vídeo a pedir o voto na AD tem se esbatido com as confusões das eleições e do crescimento do Chega, mas é preciso dar conveniente destaque à atitude de Albuquerque. Já vimos que Montenegro e Albuquerque são farinha do mesmo saco. E Montenegro, até parece aquele gozo de ler as coisas ao contrário de Trump, ainda falou no combate à corrupção.
Miguel Albuquerque é um rosto do “vale tudo” político. Já não é apenas um político com problemas legais, é o símbolo de uma cultura de impunidade descarada, onde o crime compensa e a propaganda vale mais do que a legalidade. Ontem, ao fazer um vídeo a apelar ao voto na AD, em plena acto eleitoral, violou de forma clara e inequívoca as regras da Comissão Nacional de Eleições. E não foi a primeira vez.
Não estamos a falar de um lapso. Estamos a falar de um padrão premeditado, ele acha que o crime compensa, porque não há castigo ou se há vale a pena perante a conquista do poder.
Miguel Albuquerque é reincidente, arrogante, impune ... e anti-democrático, como já provou dentro do seu próprio partido com Manuel António Correia. Albuquerque age como quem acredita que está acima da lei. As regras do Estado de Direito, para ele, são obstáculos menores, ultrapassáveis com truques, vídeos de apelo tardio e manobras de bastidores.
Quem ignora regras eleitorais à vista de todos, o que fará quando ninguém está a ver?
As suspeitas de corrupção que enfrenta tornam-se ainda mais verosímeis à luz deste comportamento reincidente. Não é apenas o conteúdo das acusações, é a atitude sistemática de desprezo pelas normas democráticas.
E depois vêm as aulas de culinária para lavar a imagem? A encenação para "burros" que embevecem. Os vídeos a cozinhar, a sorrir, a mostrar-se “popular” servem exatamente para ter legitimação de gente parva. Mas quem tenta limpar a imagem com tachos e panelas está, na verdade, a cozinhar outra coisa: a manipulação emocional do eleitorado para manter o poder a todo custo.
Um político acusado de corrupção e com várias queixas por infrações eleitorais não precisa de uma aula de culinária, precisa de responder perante a justiça. Não é com vinagrete e bifes que se apagam práticas ilegais ou se desvia a atenção da verdade.
O crime compensa? Para Miguel Albuquerque, sim! A mensagem que Albuquerque transmite é clara: vale tudo para se manter no poder. Vale infringir a lei. Vale desrespeitar a CNE. Vale usar o tempo de antena para contornar o silêncio eleitoral. E vale esconder-se atrás de vídeos simpáticos como se fosse uma figura de entretenimento, não um governante. Mas não podemos normalizar esta lógica. Porque cada vez que deixamos passar, a democracia portuguesa perde um pedaço. E já estamos mal!
Portugal vai sendo com a demora da Justiça um palco para vaidades e um escudo para impunidades. Miguel Albuquerque representa aquilo que afasta as pessoas da política: o político que atira regras pela janela, que acha que leis são para os outros, e que depois aparece com um sorriso pronto para fingir que é tudo normal. E se este ensinamento passar a padrão na sociedade? O que vamos ter? A desvalorização habitual?
Não é normal. É inaceitável. É perigoso. É um insulto à inteligência e à dignidade dos cidadãos. Agora vamos ver a trupe da CNE que foi à Quinta Vigia o que vai fazer? Quem sabe se Miguel Albuquerque prevaricou sabendo com o que conta da CNE?
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