U ma mulher não pode ser exigente em funções diretivas, cai o Carmo e Trindade. E o que está a acontecer na Segurança Social é mais um exemplo do machismo cruel da nossa sociedade. Uma mulher que tem zelo, rasgo e capacidade estratégica é logo atacada também pelo corporativismo dos funcionários públicos.
Aqui já foi escrito sobre um “representante legal” dos funcionários, corporativismo puro. Revelador de que uma dirigente exímia, competente e capaz não pode manter níveis de exigência mínimos que obriguem a um desempenho exemplar. É atacada por todas as frentes, já houve alguém que a chamou de macaca.
Depois, há a inclemente acusação de nepotismo, com a expressão a “cunhada”. O nosso povo não perdoa o sucesso das pessoas, é certo que a Dra. Filipa Câmara vem de uma família de grande talento e quadros competentes que muito serviram a autonomia. Não é só bolos. São pessoas que sabem muito e merecem o estatuto que têm. E levam com miminhos degradantes o tempo todo. São um alvo de ataques pessoais constantes.
Venho defender a Dra. Filipa Câmara, contra tudo e contra todos. Reconheço-lhe mérito e competência. Inteligência e pensamento tático e estratégico, rasgo funcional. Nós não precisamos de uma Filipa Câmara, mas cem. Cem Filipas Câmaras a dominar a administração pública, a lutar pela defesa dos nossos direitos. Um exército de defesa da causa pública!
A liderança feminina continua a ser desconfortável para muitos, sobretudo quando é firme, exigente e eficaz. Espera-se das mulheres uma postura submissa, conciliadora, quase decorativa. Quando estas expectativas são contrariadas por uma mulher como a Dra. Filipa Câmara, com coragem para enfrentar interesses instalados, a reação é sempre desproporcional e muitas vezes violenta.
Mas é precisamente desse desconforto que nascem as verdadeiras mudanças. São líderes como ela que desafiam a estagnação e forçam a máquina pública a evoluir. A sua capacidade de impor disciplina, sem medo dos custos pessoais, deve ser admirada, não punida. Precisamos de dirigentes que não baixem os braços perante a mediocridade nem cedam à chantagem do costume.
A Dra. Filipa Câmara representa um novo paradigma de serviço público, onde o mérito e a competência se sobrepõem ao compadrio e à inércia. O que está em jogo não é apenas a sua reputação, mas o futuro da administração pública e a nossa capacidade coletiva de reconhecer e valorizar o verdadeiro valor. Defender a Dra. Filipa é defender um serviço público à altura dos cidadãos.
Curiosamente, até a panificação serve aqui de metáfora poderosa. Fazer pão exige rigor, tempo, paciência e uma ordem precisa nos processos — tal como gerir com seriedade um organismo público. Quem não compreende o valor da fermentação controlada, da massa bem trabalhada e do calor certo, acaba por servir um pão insosso e mal cozido. A Dra. Filipa, com a sua disciplina e exigência, representa esse saber fazer que garante qualidade no resultado final. E talvez seja isso que mais incomoda: o medo de quem sabe exatamente como se faz um bom pão e não aceita menos do que isso.
E já que falamos em bolos, recorde-se a famosa expressão de Herman José: “Não é só bolos!”. Uma piada que marcou gerações, mas que aqui ganha um novo sentido. Porque de facto, no caso da Dra. Filipa Câmara, não é só bolos — é exigência, competência, visão e coragem. Reduzir tudo a uma anedota é fácil, mas construir uma carreira sólida e combater interesses instalados exige muito mais. Talvez se riam hoje como se riam com o Herman, mas quem conhece os bastidores sabe que, desta vez, a piada é só para quem não quer ver o essencial.
Maria Oliveira
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