Exmo. Senhor Secretário Regional de Educação, Jorge Carvalho,
E screvo-lhe com profunda indignação e pesar, movido por uma tragédia que jamais poderia ou deveria ter ocorrido sob a sua responsabilidade. Uma criança de 12 anos, aluna da Escola Básica e Secundária Gonçalves Zarco, decidiu pôr termo à própria vida. Deixou uma carta. Nela, explicou com uma clareza cruel demais para a sua idade que foi vítima de bullying, prolongado, sistemático e impune, dentro de uma escola pública da Região Autónoma da Madeira, sob sua tutela direta.
Senhor Secretário, esta morte tem nome, idade e escola. Tem um contexto, e tem responsáveis. Não é uma abstração. Esta criança não foi apenas vítima dos agressores, foi também vítima do silêncio cúmplice de uma escola que falhou, de um sistema que não a protegeu, e de uma liderança que continua a tratar estas ocorrências como exceções trágicas, em vez de sintomas de um problema estrutural.
O que pensa fazer, Senhor Jorge Carvalho?
Porque nesta escola, Gonçalves Zarco, não bastaram os sinais, não bastaram os pedidos de ajuda. A dor daquela criança foi ignorada até se tornar irreversível. E, enquanto isso, onde estava o acompanhamento psicológico? Onde estavam os professores atentos? Onde estava a intervenção da direção da escola? Onde estava o senhor, como responsável máximo pela educação na Madeira?
Hoje, é legítimo e necessário perguntar:
Quantas mais cartas de despedida serão necessárias até que a Secretaria da Educação deixe de reagir tarde demais?
É tempo de deixar de esconder os números. É tempo de enfrentar, com verdade e com coragem, a realidade dentro das nossas escolas. De rever protocolos, de responsabilizar quem falha, de formar quem precisa, e de colocar o bem-estar dos alunos à frente de qualquer estatística ou conveniência política.
Se a educação pública não serve para proteger os mais vulneráveis, então falhou na sua missão mais básica.
Com dor e vergonha de ser governado por este governo.
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