Prezado, antigo reitor da UMa
G ostaria de começar esta carta manifestando a minha mais genuína admiração pela sua capacidade de perseverança. Não é todos os dias que testemunhamos alguém empenhado em transformar uma universidade inteira num projeto pessoal, como se a missão fosse salvar a Madeira de si própria. Há quem diga que o senhor veio para educar, mas, na prática, parece mais uma expedição para reeducar os madeirenses, afinal, quem melhor do que alguém de fora para nos ensinar como se faz por cá?
É verdade que os tempos mudam e que as instituições também precisam de acompanhar essa mudança. No entanto, é fascinante ver como o senhor conseguiu desafiar o conceito de renovação com tanto afinco, mantendo-se firme e inabalável, mesmo quando a qualidade de ensino ia desaparecendo gradualmente sob a sua supervisão. É preciso coragem para manter o rumo, mesmo quando todos os sinais indicam a necessidade de mudança.
Curiosamente, a função pública tem uma peculiaridade chamada "idade limite para o exercício de funções". Não se trata de um obstáculo, mas de uma simpática sugestão de que talvez seja altura de passar o testemunho a quem ainda acredita que o ensino superior pode ser um espaço dinâmico, aberto e enriquecedor, tudo aquilo que, lamentavelmente, foi escasseando nos corredores da UMa ao longo dos anos.
Entendemos que a sua missão de "colonização académica" foi árdua e, certamente, marcada por uma visão muito própria do que deveria ser a educação na ilha. Mas permita-me uma reflexão, talvez a Madeira não precise ser "redescoberta" nem "reformulada" por alguém que insiste em trazer consigo uma visão um tanto antiquada e desajustada da realidade local.
Na verdade, talvez o melhor caminho, com todo o respeito, seja regressar à sua terra natal, onde, quem sabe, as suas ideias possam encontrar solo mais fértil, ou pelo menos menos resistente. Não leve a mal a sinceridade, mas por cá, sinceramente, já não sentimos a sua falta. O tempo passou, as necessidades mudaram e, talvez, só talvez, esteja na hora de deixar a ilha seguir o seu caminho, livre da sua "conquista educativa".
Assim, despeço-me com o desejo sincero de que encontre novos horizontes, longe daqui, onde o seu espírito pioneiro possa continuar a florescer, mas, de preferência, bem longe da Madeira.
Com a mais cordial consideração,
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