Hortências e Buganvílias, a festa da flor.


S em dúvida que se houvesse hortências nas bermas e buganvílias nas ribeiras, a imagem da ilha florida regressava. A decisão de remover hortênsias e buganvílias das bermas e espaços públicos da Madeira, plantas que durante décadas moldaram a estética da paisagem insular, é uma escolha paisagística e ambiental profundamente controversa, tanto do ponto de vista ecológico, como cultural e turístico. A decisão, no meu entender, foi altamente nefasta

Hortênsias, são infestantes ou património paisagístico? O que sei é que foram consideradas, por algumas entidades regionais, uma espécie invasora ou infestante, justificando-se a sua remoção com base em critérios ecológicos. No entanto, factos (!), a hortênsia não é invasora no sentido técnico rigoroso. Não possui elevada capacidade de propagação espontânea em ecossistemas naturais madeirenses. Não é carqueja nem giesta! A planta limita-se a crescer onde é mantida e podada, geralmente em bermas, taludes ou jardins, não há evidência significativa de colonização descontrolada de habitats nativos. Ponham a mão na consciência.

Nos Açores, as hortênsias são símbolo de identidade regional e são promovidas como marca paisagística, sem que se imponha a sua erradicação. Verdade ou mentira, então como temos esta disparidade de opções?  Meus amigos, as hortências são nativas das regiões costeiras e montanhosas do Japão, cresce de forma espontânea em florestas húmidas e zonas sombreadas. Também se pode encontrar nalgumas regiões do leste da China e da Coreia.

Acho que esta aplicação acrítica de critérios de "espécie exótica", sem ponderar o seu impacto real e o seu valor paisagístico e cultural, demonstra falta de sensibilidade patrimonial. Tiveram grande influência na imagem da ilha das flores.

Mas e as buganvílias? Extintas ou nunca recuperadas dos centros urbanos e jardins. Todos nós adorávamos ver aquelas ribeiras do Funchal com cores garridas, nunca nos acostumávamos. Imaginem os turistas. A buganvília é exuberante e por vezes difícil de dominar, as trepadeiras tropicais embelezavam muros, varandas e jardins, mas por cima das ribeiras tinham manutenção praticamente zero. 

A buganvília era, pela sua floração abundante e cor vibrante, uma imagem marcante da cidade do Funchal, sendo alvo de fotografias e cartões-postais. Era propaganda de borla. Sinceramente, a destruição massiva de buganvílias e a preferência por jardins austeros reflete uma estética de “esterilização urbana”, desligada da identidade emocional e visual da população.

Todas as hortências e buganvílias fazem parte da identidade emocional e visual do madeirense, por isso não esquece. Mas também memória coletiva e marca turística e expressão cultural. Estas duas espécies, são responsáveis pela “explosão floral” da ilha das flores, a situação é tão ESTÚPIDA, que agora sim temos infestantes como a carqueja e giesta como sucedâneos da "explosão floral". CARICATO! Combateram e acabaram por descontrolar as infestantes!

A Madeira, ao cortar sistematicamente hortênsias e buganvílias, empobreceu a sua identidade visual e emocional, em nome de uma suposta “correção ecológica” ou modernização paisagística mal fundamentada. Tal como os Açores souberam integrar a hortênsia como marca regional, a Madeira poderia ter adotado uma visão mais inclusiva e estratégica da sua flora ornamental, respeitando o passado e valorizando o presente!

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