R egressam as eleições e com elas o engodo do ferry. Os PSD é um abusador e nada aprofunda. Não quer compromissos, só votos. Criar uma ligação de ferry regular entre a Madeira e o continente português (como entre Funchal e Portimão, Lisboa ou Setúbal) é um tema recorrente, mas desafiante. A melhor solução depende do equilíbrio entre viabilidade económica, apoio público e capacidade técnica.
Solução ideal seria um ferry de médio porte, misto passageiros + carga roll-on/roll-off, ou seja, passageiros (com ou sem carros), veículos ligeiros e pesados (incluindo camiões e reboques), carga geral (paletizada ou em contentores RO-RO).
Assim, serviria o turismo e o comércio, reduz a dependência do transporte aéreo e do transporte marítimo de carga separado. Te de certeza preços mais acessíveis do que o avião + carga tradicional.
Alguns armadores têm potencial interesse ou experiência, europeus ou portugueses podem operar (ou já mostraram interesse):
- Naviera Armas / Trasmediterránea (Espanha): já operaram a linha Madeira–Portimão em 2008–2013. Conhecem a região e têm frota adaptada. Desvantagem: já suspenderam operações por falta de rentabilidade provocada por uma série de proibições do GR na altura.
- Grimaldi Lines (Itália): opera ferries mistos em longas distâncias (ex: Itália–Grécia, Itália–Espanha). Forte capacidade logística e experiência com carga + passageiros. Necessita de garantias públicas para explorar nova linha.
- Atlânticoline (Açores): empresa pública regional dos Açores. Tem know-how de operar ligações insulares, mas não possui navios para travessias tão longas como Madeira–continente.
- Em alternativa, empresa portuguesa criada para o efeito (com apoio do Estado ou da Região), uma parceria público-privada, com financiamento inicial para suportar os primeiros anos. Um modelo semelhante ao que foi usado para retomar o ferry nos Verões recentes (ex: Volcán de Tijarafe em 2018 e 2019).
A frequência mínima seria uma a duas vezes por semana, com uma duração da viagem em cerca de 24 horas entre Funchal e Portimão. Idealmente, a operação deveria ser contínua, mas pode começar como sazonal para testar a procura. A viabilidade económica e financiamento, necessita de subsídio público inicial (como nas regiões ultraperiféricas da UE), porque os custos operacionais são altos, a procura é variável (conforme as estações), mas a carga é regular e a concorrência do transporte aéreo é forte mas não tem preço.
O ferry Madeira - continente deve ter apoio da Região Autónoma da Madeira, de fundos europeus para coesão territorial e ainda parcerias com exportadores/importadores regionais.
Na minha opinião, um ferry misto operado por uma empresa experiente como a Naviera Armas ou Grimaldi, com apoio financeiro da Região Autónoma da Madeira e/ou do Estado português, com 1-2 ligações semanais entre Funchal e Portimão, durante todo o ano. É viável. Se não é, então deixem-se de se armar nos maiores do mundo.
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