S er Putin é situar-se na mentira e no surrealismo contínuo, que pretende ocupar o tempo aos outros a desmentir e a alinhar a bitola com a verdade enquanto faz o que lhe apetece, quase sempre contra todos, na sua visão de imperialismo típico do século XIX. O mundo arrasta os pés ao ritmo deste dinossauro de museu.
O que me impressiona é que o "sistema Putin" está instalado na Madeira, sem cunho belicista mas de assédio sem dúvida.
O Vladimir, esse Putin, desenvolveu ao longo do seu longo domínio político numa democracia ditatorial à medida, uma capacidade notável e teatral de manipular a verdade, distorcer a realidade e empurrar o debate público para terrenos tão surreais quanto infrutíferos. O objectivo é esse. É aqui que me lembro de algumas palavras que são escritas pelo Madeira Opina que se fixa nos assuntos porque sabe que o poder quer as pessoas a brigar entre si, o tal infrutífero. Dividir para reinar, onde o único que se situa na verdade é esse Putin ou Putins regionais, com o jornalismo a coadjuvar na porca missão.
Como já transparece, esta habilidade não é apenas uma questão de mentir, é uma estratégia deliberada, estruturada, que tem como objetivo não apenas enganar, mas esgotar, dispersar e subjugar intelectualmente os interlocutores, adversários e até mesmo os próprios cidadãos. Não tenham dúvidas que os poderes que sugam do povo gostam de embrutecê-lo.
Putin mente de forma consistente, repetida, até ao ponto em que a distinção entre verdade e falsidade se torna irrelevante no debate público. As suas versões contraditórias dos factos não visam convencer, mas confundir, relativizar, obscurecer. Eu não tenho coragem de dizem que Albuquerque e as suas semânticas são filhos de Putin, é que ele rivaliza. A Revisão Constitucional ainda lhe vai dar o que falta para blindar mais um imperialismo de ladrões.
Muitas das narrativas promovidas pelo Kremlin estão à beira do absurdo, como muitas justificações e desvalorizações cá na terra. No PSD quase fazem como Putin, quando sugere que opositores se envenenaram a si mesmos para incriminar o Estado, se jogaram pela janela, abateram o seu avião ou que a Ucrânia está a ser “libertada” por tropas russas que bombardeiam cidades ucranianas. Não conheço libertações que matam civis. Portanto, esta deslocação para o irreal não é um erro, é um método de desorientação. Há quem use o entretenimento em vez de guerra, certamente guerra de palavras.
Putin não se limita a negar a realidade, cria uma alternativa. Constrói um mundo próprio, com os seus heróis (ele mesmo como restaurador do império), os seus vilões (o ocidente decadente), os seus mitos (a Rússia eterna e ameaçada), um universo simbólico que exige dos cidadãos uma escolha: ou aceitam o delírio, ou são traidores. Pergunto como seria esse Putin a justificar o custo dos supermercados, da habitação, do confinamento das oportunidades, da Saúde, dos vencimentos do sucesso, etc, etc. E Albuquerque que realidade alternativa constrói tal e qual Putin? Imensas! Algumas só serão verdade quando a população perceber que não está na Rússia e reaja. Mas as festas em catadupa toldam as cabeças, a pouca ou nenhuma ambição também, as cúpulas parece que levam a ambição de todos. O jornalismo tem culpa na formatação destas cabeças "grandiosas" numa ilha.
Ao distorcer a linguagem, Putin transforma o debate público num espetáculo de fumaça, onde cada frase é armadilhada e cada argumento é deslocado para longe da lógica. O resultado é um colapso do espaço comum de entendimento. Os debates tornam-se batalhas em pântanos, onde nenhuma verdade pode florescer.
Depois destas Regionais senti muitos feridos, como na Rússia, um ferimento resultante do resultado do fluxo contínuo de falsidades e meias verdades que a máquina de propaganda russa leva os cidadãos a um ponto de exaustão. A vitória é uma exaustão, é ver como a mentira verga tantos. Quando tudo pode ser falso, quando todas as versões convivem, a única saída parece ser a apatia ou a submissão.
Imagine um salão envidraçado, onde se reúne a imprensa internacional, façam paralelismo com a daqui e Albuquerque. Putin, calmo, metódico, segura os olhos do mundo com um ligeiro sorriso. Dócil, um querido líder com muito mais do que 8 acusações. Um jornalista pergunta sobre os crimes de guerra na Ucrânia. Putin responde: “A Rússia não invadiu, protegeu.” Outro questiona sobre Navalny. Ele levanta os ombros: “Problemas de saúde, talvez.” Risos, confusão, incredulidade. E, de repente, o absurdo instala-se com a naturalidade de um facto bem passado. A discussão desloca-se: já não é sobre a verdade, mas sobre como responder ao absurdo. Enquanto isso, a máquina continua. Tanques avançam. Vozes se calam. E a mentira, vestida de argumento, triunfa mais uma vez, não por ser acreditada, mas por ser repetida, imposta, e, acima de tudo, por ser conveniente ao poder. O que Albuquerque não tem para ser igual a Putin? As forças armadas? E os caciques contam? E ele vai fazendo filmes queridos de aulas de culinária. Qualquer dia o baixinho ruim exporta a ideia para uma TV nacional para consagrar. Quantos adversários e companheiros abateu Albuquerque nas essências da vida? E garanto-vos que por medo voltam a votar nele.
Putin é o engenheiro de uma pós-verdade armada, onde a mentira não esconde a realidade: ocupa o seu lugar. Albuquerque não fica atrás, rivaliza. Depois ganha como Putin, com ameaças que fazem sucesso numa semana, e depois aparece o ferreiro do Porto Santo a colocar a cereja no topo do bolo. Está legitimado.
E então, quem é livre é silenciado na Madeira? Fujam para a Rússia que se sentirão em casa. Até podem trocar prisioneiros de guerra, os jornalistas e organizam o ambiente surreal de entretenimento.
Os militantes do PSD são potenciais Chegas ainda em bruto, se polirem chegam lá. Se Sá Carneiro está no céu já entregou o cartão do partido, se olhar para a revisão Constitucional pretendida pelos seus ainda cai misteriosamente de uma varanda ou o seu busto tomba nas sedes do PSD.
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