Procurar paz na serra é mentira


N este domingo subi à montanha, temia que fosse uma má decisão e foi. Tive o atrevimento de ir contra os meus preconceitos e foi pior do que pensei. A nossa experiência com a nossa terra mudou radicalmente com o excesso de turistas, passei de estimá-los com conta, peso e medida, de gente civilizada, para uma situação em que parece que abriram o curral e fugiu uma manada.

Cada vez abrem mais hotéis quando o caos está instalado, mas também alojamentos locais e rent-a-cars, um precedente nefasto e sem retorno porque nenhum governante vai corrigir o erro e criar revoltados e insatisfeitos. É para isso que se fazem estudos antes, mas na Madeira ou não se liga quando o resultado não é a gosto ou faz-se primeiro e pensa-se depois.

Eduardo Jesus e a sua equipa não passam de uns governantes de terceira categoria, que têm uns conhecimentos económicos e contactos, mas não têm uma política, um plano. Gerir a bem das condicionantes da terra não pode ser a repetição do que sabem fazer até ao caos. Eu ainda não percebi se as pessoas com fotos e vídeos, bem como a comunicação social, se dão conhecimento como um sucesso ou o mais completo caos, uns reconheço estarem conscientes, outros não.

Não é preciso qualquer estudo para perceber que esta ausência de política no Turismo tem ua gestão economicista e de lóbi que a ver cifrões quer mais e mais, contagiando outros a aderir como se fosse o maná. A abertura de mais hotéis e o encaixe de Alojamentos Locais nas soluções mais absurdas e das rent-a-cars que não param trouxeram uma ganancia destrutiva. Eu como madeirense sinto-me cada vez mais afastado da terra por esta manada que tomou conta da ilha e fizeram aumentar os preços de tudo. Eu que me relacionava bem com os estrangeiros, os turistas, agora tenho-lhes completo desprezo pelos abusos que vejo na estrada, a sujidade e "cagatório" em todo lado, eu só penso como não estarão as ETARs a calcular pelas estradas e trilhos. Tem mesmo que aparecer porcaria não tratada na zona do Lido, Clube Naval e outros.

Os gananciosos estão embevecidos, vale-lhes a pena o caos, os outros sentem intromissão, carestia e o abalroamento ao nosso quotidiano e sítios. Sinto-me habitante de Gaza com alguns que querem fazer um gigantesco resort e Disney loucos para me por a andar. O que vemos é incomportável para o cidadão comum, os ricos serão cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres, porque ninguém faz vida com os ordenados que pagam por este sucesso, está muito mais caro do que qualquer ordenado ou valorização salarial. Portanto, se o saldo de nascimentos e óbitos está mau, as pessoas do desemprego e entidades empregadoras verão cada vez menos madeirenses porque emigram. Significa que na Madeira, os Madeirenses Superiores estão a afastar outros que também são madeirenses da sua terra. É assim que se explica o aumento dos extremismos. Não tenho dúvida.

A Madeira está uma selvajaria, demasiada gente num salve-se quem puder, desenrasca-te como souberes, chama-se caos. Como a maioria concorda, resta-nos uma pandemia para meter ordem nisto, porque ninguém vai retroceder nesta insustentabilidade. Na Madeira assiste-se do porquê que não conseguimos salvar o planeta, a origem está em imitação de políticos que são menores na coisa pública.

Tenho a certeza de que os turistas com tradição de cá virem vão acabar com a relação, o Turismo e seus amigos no jornalismo que não arranjem um para contradizer com uma medalha de vinda, e que a experiência até dos turistas será má, cada um deles, tal como nós madeirenses, não vai fazer trilhos e levadas para se chatear, como se fosse hora de ponta no Funchal, vai à procura de natureza e silêncio, introspeção. Malditos!

P.S.: uma palavra para a plataforma, continuem a gerir com até aqui, não abram também precedentes nefastos, se for preciso banir e meter na ordem gente ruim, façam-no.

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