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Não se candidata? Só por nomeação para o GR? Quando vai a eleições? |
O PSD Madeira enfrenta um dos seus maiores desafios autárquicos na Região: encontrar um candidato à altura de disputar, e recuperar, a Câmara Municipal de Santa Cruz. À primeira vista, um partido com décadas de hegemonia política e uma estrutura local recheada de “estrelas” políticas, sobretudo na freguesia do Caniço, não deveria ter problemas em apresentar uma alternativa credível e combativa. Mas, na prática, essas estrelas mais brilham em bastidores do que em boletins de voto.
É um silêncio ensurdecedor o que se ouve vindo da concelhia social-democrata. A cada novo ciclo autárquico, o nome de Savino Correia volta à baila como possível candidato, apenas para ser novamente arrumado na gaveta da cobardia política. É já uma tradição: Savino recusa, Savino foge, Savino desaparece. E não o faz sozinho. Brício Araújo, outro nome apontado com frequência, também recua sempre que se avizinha o risco de passar pelo crivo dos eleitores. Para quem nunca enfrentou verdadeiramente o escrutínio popular, é fácil sustentar carreiras políticas sobre pés de barro, alimentadas por nomeações, favores e silêncios cúmplices.
Não surpreende, por isso, que Savino tenha voltado a recusar candidatar-se na última semana. Afinal, é mais cómodo manter um “tacho” garantido do que arriscar uma derrota que possa comprometer o conforto da sombra. Já para Brício, apenas se lhe reconhece a amizade com o Matateu e a aparição em vídeos anedóticos. Não basta para construir um legado político, nem para perceber de onde surgiu tamanho capital dentro do PSD.
O tempo urge. Filipe Sousa, do JPP, está a cumprir o seu último mandato como presidente da Câmara. É a janela perfeita para o PSD tentar reconquistar um bastião perdido. Mas para isso é preciso coragem, uma qualidade em falta nos corredores do Caniço.
E se Rubina Leal pode alegar responsabilidades institucionais por ser presidente da Assembleia Legislativa, o mesmo não se pode dizer de Jaime Filipe Ramos. Figura cimeira do partido, com residência no concelho de Santa Cruz e influência quase sem par no aparelho regional, Jaime tem agora a oportunidade, e o dever, de mostrar que é mais do que um herdeiro político. A sua ascensão não nasceu de um voto, mas sim de um nome. Herdou a liderança da bancada parlamentar e consolidou um exército de fiéis no Estado paralelo que é hoje a administração pública regional.
Está na hora de deixar os gabinetes, de abandonar a zona de conforto e enfrentar a realidade. A política não se faz apenas de influência e controlo: faz-se no terreno, nas urnas, na coragem de arriscar. Se Jaime Filipe Ramos se recusar a liderar a candidatura do PSD em Santa Cruz, estará a admitir, tacitamente, que não merece o poder que detém. E ficará claro, para todos, que por detrás da imagem de estratega se esconde apenas mais um roedor político, um tacticista que vive nas sombras e se alimenta de oportunidades sem nunca se colocar à prova.
Santa Cruz merece um confronto político sério. O PSD Madeira, se quer voltar a ser o que foi, tem de obrigar os seus nomes grandes a assumir responsabilidades. Chega de fantasmas e sombras. É tempo de ver quem é realmente feito de substância... e quem apenas se esconde atrás de favores e aparências.
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