Carne para canhão e o teatro de poder na Madeira


D izem que cada governo tem o porta-voz que merece. No caso da Madeira, parece que Eduardo Jesus não é só secretário regional — é também carne para canhão de serviço. Enquanto Miguel Albuquerque vai-se escondendo atrás de cortinas de fumo e conferências de imprensa bem medidas, Eduardo vai dando o peito às balas… e a boca aos insultos.

Na Assembleia, em vez de debater ideias, Eduardo Jesus optou por reforçar o léxico parlamentar com pérolas como "gaja" e "burra do caralho". Uma abordagem inovadora ao diálogo político, ideal para o Parlamento Medieval da Madeira, onde o respeito é opcional e a cortesia, um luxo fora de orçamento.

Mas sejamos justos: Eduardo não está ali por acaso. Alguém tem de desviar as atenções dos problemas sérios, como investigações judiciais, dossiers incómodos, negócios mal explicados e outros esqueletos que insistem em dançar fora do armário do Governo. E quem melhor para essa missão do que um secretário que domina a arte do fogo de artifício verbal?

Enquanto o povo discute se "gaja" é ou não insulto e se "burra do caralho" é apenas expressão regional ou ofensa qualificada, Albuquerque respira fundo, agradece em silêncio e continua a governar como se nada fosse. É a velha tática do "atira um escândalo menor para tapar os maiores". E, convenhamos, tem resultado. Pelo menos até agora.

Eduardo Jesus, com a sua pose firme e vocabulário de tasca, é hoje o para-raios oficial do Governo Regional. Leva os choques, leva as críticas, leva os memes. Enquanto isso, o presidente vai jogando ao seu jogo preferido: o "não vi, não ouvi, não comento".

Ricardo Araújo Pereira, com o que se passa na ilha da Madeira terias programa para o ano inteiro.

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