Manual não-oficial e alegadamente usado por artistas da política
O que se segue é baseado em conversas de café, boatos de WhatsApp e denúncias que nunca chegam ao fim em tribunal. Qualquer semelhança com a realidade... é pura coincidência. Ou então não.
Olhe vizinha, se votar no ‘nosso’ há aqui um envelope, uma botija de gás e, se for muito fiel, até um cabaz de Natal antecipado. Isto não é corrupção, é... solidariedade estratégica.
A pressão sobre funcionários públicos
Técnica clássica. Estás no Governo Regional? És professor? Trabalhas na junta? Então já sabes: bandeirinha na mão, camisola do partido vestida, e não te esqueças de sorrir no comício, senão... "olha que há muita gente à espera do teu lugar!"
Apoios sociais como isco eleitoral
É impressionante como os apoios aparecem mesmo antes das eleições, como se fosse milagre. “Toma lá o cheque, a renda paga, e um subsídiozito... Mas depois vota com juízo, sim?”
Juntas de freguesia: os quartéis-generais da fé partidária
“Precisas de um papel da junta? De uma recomendação? De um arranjo no passeio?” Fácil. Mas primeiro diz lá em quem vais votar. Se fores da oposição... o sistema está em ‘manutenção’ até dia 1 de novembro.
Manipulação de listas e inscrições
Pessoas que votam em freguesias onde nem sabem onde é o café local? Gente que aparece registada em mais do que um sítio? Tudo normal. A magia da burocracia faz milagres.
Como evitar esta festa de aldrabice?
Chega de teatro. Aqui vão umas ideias sérias para parar com o circo:
Fiscalização independente: pôr observadores nas mesas de voto. Não os primos do presidente da junta, mas pessoas que não devem favores ao partido do costume.
Justiça sem medo: um Ministério Público que investigue e acuse antes de passar o prazo de validade das suspeitas. Juízes que não se reformem misteriosamente no meio dos processos.
Educação cívica: ensinar nas escolas que o voto não é para trocar por cimento, frangos ou empregos para o primo.
Transparência nos financiamentos: perguntar e saber de onde vem o dinheiro da campanha. E não, não vale “foi um amigo que ofereceu as lonas e os cartazes”.
Proteção aos corajosos que denunciam: quem levanta a voz não devia acabar transferido para Porto Santo nem a trabalhar nos arquivos do Arquivo Regional.
Parar a chuva de promessas antes das eleições: fechar a torneira dos subsídios e inaugurações em época de campanha. Ou então criar um calendário, de 4 em 4 anos, só se pode asfaltar estradas até junho.
Democracia a sério não é um teatrinho onde os votos se ganham à conta de favores e ameaças. A Madeira merece eleições limpas como a água da levada (sem tubos desviados!). Chegou a hora de votar com consciência, não com o estômago nem com medo de perder o emprego.
Votar deve ser um direito, não um contrato de prestação de favores. E quem aldraba, devia estar fora do boletim e, de preferência, dentro do tribunal.
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