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... de quem sente o custo de vida. |
H á profissões que, se pararem, o mundo colapsa. Os que limpam, os que cuidam, os que transportam, os que cozinham, os que recolhem o lixo e tratam dos doentes. Mas depois há o outro lado — o elenco secundário com a mania de protagonista, os figurantes promovidos a vedetas, os que aparecem na televisão a fazer de conta que fazem. Ah, esses... esses que podiam perfeitamente fazer greve, e ninguém dava por isso. Pelo contrário, até se agradecia.
Comecemos pela secretária da Proteção Civil e da Saúde, Micaela Freitas. Um cargo tão comprido quanto inútil. Ninguém sabe exatamente o que faz, mas sabemos que passear o seu guarda roupa é uma das funções. Aparece em conferências, mal sabe articular um discurso autónomo e inteligente e de vez em quando diz algo vago sobre “proximidade com as populações”. Micaela, se quiseres parar, força. Faz greve. Vai fazer workshops de mindfulness. A ilha agradece o silêncio.
Depois temos o grande Eduardo Jesus, o homem do Turismo. O responsável por pôr a Madeira no mapa e os madeirenses fora dele, porque entre Airbnbs e hotéis para influencers suecos, já não há espaço nem para estacionar o carro em Câmara de Lobos. Um secretário com nome de apóstolo mas obra de figurante. Se fizer greve, talvez até haja menos discursos cheios de chavões como “potenciar sinergias” e “reposicionar o destino Madeira”. Eduardo, faz greve, vai lá. Leva um mapa e vê se te perdes nele.
E, claro, como esquecer Miguel Albuquerque, o maestro desta ópera barroca. O homem que aparece em tudo, opina sobre tudo, e governa como se ainda estivesse em 2005. Já ninguém tem pachorra. Até a poncha já fermenta de ouvir o mesmo discurso reciclado. Miguel, faz-nos um favor. És o único que devia mesmo fazer greve, greve à vida política, à pose autoritária e à mania de insubstituível. Vai-te embora. Vai passear. Vai plantar couves. Vai, mas vai de vez.
Porque, no fundo, não é só a greve dos trabalhadores que pode parar a ilha, é a ausência de certos senhores que pode finalmente deixá-la respirar.
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