Fantasmas do passado, pesadelos do futuro.


Resposta ao texto:

A extrema-direita continua a basear a sua visão económica em contas de mercearia. Quando se diz que “a balança comercial americana melhora 55% porque diminuíram as importações”, esquece-se de que isso reflete um país a fechar-se ao mundo, com impacto direto na economia e na vida das pessoas mais vulneráveis. O empobrecimento da população não parece preocupar quem idolatra o isolacionismo.

Trump vê a Europa — tal como China e Rússia — como rivais a abater. O seu slogan “America First” é, no fundo, um programa de confronto com tudo e todos. O declínio do turismo nos EUA é sintomático: ninguém quer passar férias com medo de ser confundido com um “criminoso” pelo ICE, o serviço de imigração. Primeiro eram os "ilegais", agora até turistas correm risco. A paranóia securitária lembra regimes que jurámos nunca repetir.

Em Portugal, o crescimento do Chega está ligado a uma crise estrutural do capitalismo. Grandes fortunas financiam partidos de extrema-direita não por convicção, mas por estratégia: temem uma revolta popular e apostam no controlo através do medo e da divisão. Redes sociais inundadas de fake news, invenção constante de inimigos internos — imigrantes, ciganos, LGBTQ — tudo serve para manter o povo distraído e dividido.

Ventura é promovido como um "salvador" — uma espécie de D. Sebastião moderno — que promete resolver tudo com “mão de ferro”. Mas basta olhar para os seus quadros: figuras recicladas de outros partidos, envolvidos em escândalos (malas, dinheiro de idosas, etc.), gente que muda de partido como quem troca de camisa. Nada de novo, a não ser o verniz autoritário.

O discurso contra inimigos externos — Putin, China, Coreia do Norte — é reciclado para criar medo e justificar “soluções radicais”. Trump, antes endeusado pela extrema-direita, agora só é lembrado quando convém. Mesmo os mais fiéis começam a cansar-se do seu espetáculo grotesco.

A História ensina. Também na Alemanha dos anos 30 dizia-se que o sistema era democrático demais para cair num regime autoritário. Sabemos como acabou. E o fascínio por Salazar, cada vez mais visível em certos setores, não é inocente. Há quem queira mesmo regressar ao “fado, futebol e Fátima”, como se os tempos do Estado Novo fossem gloriosos.

É notável como o texto original menciona “Chega” inúmeras vezes. Parece obsessão. Talvez seja um reflexo condicionado — uma espécie de pavlovismo político, com os militantes treinados por anos de slogans e vídeos manipuladores nas redes sociais.

Quanto à ideia de que a União Europeia impõe limites, é bom lembrar: em caso de crise séria, o projeto europeu não é à prova de racha. Um eventual “Ptexit” não seria impensável para quem sonha com um país "orgulhosamente só".

A pergunta final impõe-se: será que é o povo que quer se vingar dos partidos ou será a elite que quer se vingar da democracia?

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