Marítimo Reborn


Só anunciaram este dia, circo no Marítimo é todos os dias.

E pronto. Terminou mais uma época memorável do C.S. Marítimo. Memorável como quem lembra um acidente de via rápida, trágico, demasiado lento para ignorar, mas rápido o suficiente para não se conseguir desviar. Uma época de luxo, para quem gosta de ver clubes históricos em vias de extinção.

Fomos brindados com um plantel que custava mais do que o orçamento de equipas da Primeira Liga. Já a qualidade vai depender do ponto de vista. Se era para dar calafrios a quem ainda tem esperança maritimista, então foi de primeira categoria. Jogadores pagos a peso de ouro, mas a render como latão, e no fim, a cereja no topo do bolo, uma luta heroica pela manutenção, na Segunda Liga, quase até à última jornada. Bravo.

O estádio foi ficando mais vazio que o banco de ideias da direção. 

E os adeptos? Esses andam em hibernação emocional e afastamento gástrico, o que antes era paixão nas bancadas é agora um eco do passado. 

A mística? Evaporou-se, talvez tenha desistido, como tantos madeirenses que já não aguentam ver o clube ser gerido com o entusiasmo de uma reunião de condomínio.

E agora, menos de duas semanas antes de começar a nova época adivinhem quem é que não tem treinador? Isso mesmo, o CSM. Mas calma, há rumores. Há sempre rumores. Fala-se de investidores, daqueles invisíveis, que só aparecem em PowerPoints ou em jantares com vinho caro servidos por caciques e lambe botas do costume.

Mas o que o Marítimo precisava mesmo era de investigadores para estudar, apurar e concluir o que esta gente anda ali a fazer, atas de assembleias gerais não são de certeza porque a da ultima assembleia ainda não apareceu, deve estar a ser analisada pelo laboratório de inteligência artificial do CDN, já que no Marítimo a inteligência é analógica e à moda antiga, precisa de corda para funcionar.

E como se não bastasse, ainda não se vê qualquer plano para angariar sócios, renovar esperança, ou pelo menos dar um sedativo aos que ainda têm coração verde-rubro. Mas vindo destas mentes quase que aposto que vai haver uma campanha,  chama-se "REBORN Sócio", dez euros por ano e o seu boneco Reborn pode ser sócio do Marítimo, promoção válida até junho com oferta de uma camisola com a cara do marreta do presidente estampada no peito, para lembrar que o clube é gerido por alguém que acha que gestão se faz com piloto automático e olhos vendados à espera que as soluções se encaixem sozinhas.

Vamos encher as bancadas? 

Claro que sim, de Reborns, porque pessoas normais essas já só querem ver este Marítimo de longe. Com binóculos. Ou com saudade.

Fica o apelo: alguém acorde esta gente. Ou pelo menos, desliguem a máquina antes que a vergonha desça de divisão.

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