Temos, mas precisamos de mais vegetação no Funchal.


Já imaginou uma rua estreita assim? Quando metem uma destas no passeio da Av. Sá Carneiro?

O Funchal regrediu no seu verde, ninguém quer ser jardineiro, mas está aí a recuperação da imagem da ilha das flores e forma de enfrentar o aquecimento global. Melhorem os salários que as pessoas aparecem...

É com satisfação que vejo as buganvílias a regressar paulatinamente à cobertura das ribeiras, mas foi preciso luta, muita "porrada", e foi no Correio da Madeira, agora Madeira Opina depois de silenciado na pré-campanha eleitoral. Agora precisamos de iniciar nova luta, a do plantio de novas árvores no Funchal e há espaços para isso.

O Funchal é uma cidade quente e húmida, mais do que o expectável com o oceano de frente, mas há oásis, onde há árvores. Já todos sabemos que as árvores têm a capacidade de transformar os ambientes e as temperaturas. No Funchal só se ouve falar em construção, em estacionamentos e nada sobre este assunto, arrefecer o Verão com mais árvores.

As árvores são verdadeiros sistemas de ar condicionado naturais, desempenhando um papel crucial no arrefecimento das cidades através de dois processos, o da sombra e o da evapotranspiração. A forma mais óbvia e imediata de arrefecimento é através da sombra que as árvores proporcionam. Esta sombra reduz diretamente a temperatura das superfícies, como o asfalto, os edifícios e os passeios, que de outra forma absorveriam e irradiariam calor intenso. A redução da temperatura superficial pode ser significativa, diminuindo o calor que é transferido para o ar circundante e para os edifícios. Quanto à evapotranspiração, este é um processo biológico fascinante. As árvores absorvem água do solo pelas raízes e libertam-na para a atmosfera sob a forma de vapor de água através das suas folhas (transpiração). Este processo é semelhante à transpiração humana: à medida que a água evapora da superfície das folhas, ela consome energia térmica do ambiente, resultando num efeito de arrefecimento. Uma única árvore madura pode transpirar centenas de litros de água por dia, o que contribui significativamente para o arrefecimento do ar ao seu redor.

Assim, com a combinação destes dois efeitos pode-se reduzir a temperatura ambiente das cidades em vários graus Celsius, combatendo o fenómeno das "ilhas de calor urbanas", onde as áreas urbanas são significativamente mais quentes do que as áreas rurais circundantes devido à acumulação de calor em superfícies escuras e à falta de vegetação. Estamos a falar da rua, mas os edifícios e as casas também acumulam calor e não sei porque o PRR não ajudou as pessoas. Glutões.

O Funchal tem um problema, as ruas estreitas como em muitas cidades antigas. Representam um desafio único para a plantação de árvores devido a várias restrições, as infraestruturas subterrâneas (tubagens, cabos), larguras de passeio insuficientes, fundações de edifícios antigos, e a necessidade de manter a circulação (mesmo que apenas para emergências). No entanto, existem várias soluções criativas e eficazes para arrefecer e melhorar o conforto térmico nestes espaços.

Já pensaram em jardins verticais e paredes verdes. Se não é possível plantar árvores no solo, as paredes podem ser usadas. Jardins verticais ou paredes verdes, com plantas trepadeiras ou painéis pré-vegetados, podem cobrir fachadas de edifícios. Isto não só sombreia a parede, reduzindo a absorção de calor pelo edifício, como também proporciona um arrefecimento evaporativo e melhora a qualidade do ar. É uma excelente forma de trazer vegetação para espaços limitados. E fica tão bonito, há cidades na Europa com rua emblemáticas por isso.

Temos vasos e floreiras, verdade, no chão e penduradas, mas e que tal grandes vasos e floreiras com arbustos, pequenas árvores ou plantas de grande porte que podem ser colocados estrategicamente em pontos onde não comprometam a circulação? Já vi lugares onde elas são deslocáveis pelo próprio vaso rodado. Com caçada portuguesa pode não facilitar. Embora não ofereçam o mesmo sombreamento que uma árvore de grande porte, contribuem para a evapotranspiração e para a sensação de frescura. Devem ser escolhidas espécies resistentes e com pouca necessidade de manutenção.

Uma crítica, acabem com os prédios escuros e muito envidraçados que se arrefecem à força de ar condicionado. Os materiais de pavimentação de cores claras e permeáveis deve ser uma opção para substituir o asfalto, refletem mais luz solar (materiais de alto albedo). Temos os paralelepípedos, drenam mas aquecem. Os pavimentos permeáveis também permitem que a água se infiltre, arrefecendo o solo e suportando a vegetação.

Precisamos de mais pequenas fontes e elementos de água, porque a presença de água corrente em fontes ou pequenos espelhos de água pode criar um microclima mais fresco através da evaporação. Além do efeito de arrefecimento, a água adiciona um elemento sonoro e visual agradável, melhorando a experiência do espaço. Devemos importar importar o que se passa nos países do Mediterrâneo, os microaspersores de água em passagens de pessoas. Os sistemas de nebulização libertam gotículas de água que evaporam rapidamente, arrefecendo o ar, não molha mas pessoas mas dão frescura. Embora não sejam adequados para todas as ruas, podem ser considerados em áreas específicas com grande fluxo de pessoas.

Já falamos das ruas estreitas e aqui ainda há um pormenor a dizer, para já caçar implacavelmente os abusos, estacionamentos abusivos, até porque é preciso defender as emergências destes contratempos. Mas depois, precisamos de um planeamento cuidadoso para identificar pequenos nichos ou alargamentos onde uma única árvore ou um grupo de arbustos pode ser plantado sem comprometer a circulação. Eu já identifiquei, ando a pensar nisto. Perdemos muito tempo em brigas políticas e esquemas de construção, pouco em utilidades.

Precisamos de uma nova era que substitua o "betão quente" em espaços mais humanos e sustentáveis.

Obrigada Madeira Opina, espero ver publicado.

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