S ó o Turismo não é Clássico. O nosso Eduardinho gosta de desopilar aos fins de semana, neste é na Magnólia, ele está tão ocupadinho que foi tão bonito não vê-lo, de novo, com um plano de contingência em vez do plano de teimosia. Felizmente, a nossa comunicação social não chateia para aguentar o bezerro de ouro, mas ouvimos do continente que dezenas de voos foram para trás. Em sua substituição dão festas, uma alegria, Porto Moniz no centro do mundo, até que falhe um artista por conta do aeroporto que se ignora.
Na Madeira o betão decide, no aeroporto a natureza é que autoriza, ainda ninguém se lembrou de fazer uma parede do lado de Machico para evitar o vento? Estacionar aviões em Santa Catarina é mais caro do que o estacionamento do hospital, é preciso dar voltas, voltas e voltas para encontrar um lugarzinho, há low costs que saem caro, quando se tem de pagar segunda vez para retornar a casa mais cedo. Qualquer dia o turista requisita o helicóptero de socorro porque sai mais barato para regressar a casa. Dizem as más línguas que os turistas no aeroporto não perdem um telejornal para ver o Albuquerque, e já têm ideias para o helicóptero do "chef", para andar de campo em campo de golfe na Madeira (link), vai acabar por ser usado para vir do Porto Santo à Madeira depois de despejados por lá com a inoperacionalidade. O ferry rápido para ali é recebido com a mesma alegria do ferry Madeira - Continente.
Os meteorologistas da ilha já não preveem o tempo; preveem as "janelas de aterragem", que são mais raras do que ganhar o Euromilhões com um único bilhete. Os pilotos, coitados, já nem pedem licença para aterrar, pedem para "tentar". E quando conseguem, ouvem-se aplausos no avião, como se tivessem acabado de salvar o mundo. Afinal, aterrar na Madeira é a verdadeira prova de fogo para qualquer às das asas. Vir aos trambolhões por ali abaixo é normalizado como a corrupção, quando a porta do avião abre parece a da máquina de lavar, mas a roupa não sai enxuta, antes borrada.
Depois do turismo clássico veio o turismo rasca, e já estamos no turismo de contingência, já esgotaram a porcaria toda que poderiam fazer na Madeira e ficam entalados no aeroporto, que pena, aqui se faz, aqui se paga, a natureza que montaram no Fanal agora sopra para cima do Santa Catarina. Monta cobertor, colchão, tenda não, só porque não dá para meter os pregos, mas se a Decathlon tiver com ventosas fazia dinheiro.
Os turistas desenvolveram um sexto sentido para as birras do vento, já distinguem que o som de uma turbina a acelerar no aeroporto não é barulho de descolagem, é o prelúdio de um "Go Around" dramático. Há quem diga que o aeroporto é um gigantesco jogo de roleta russa com asas, e o dealer é o tempo. A Madeira já prometeu ao Zelensky este vento, garantem que os drones e misseis dos russos são desviados para um aeroporto russo. O Albuquerque já está a treinar ucraniano, como fala espanhol, para convencer os ucranianos como convence os madeirenses, estão marcadas aulas de culinária em Kiev e exercícios com personal trainer em Odessa.
Mas nem tudo é mau! Graças às inoperacionalidades, o Aeroporto da Madeira tornou-se um ponto de encontro improvável. Estranhos tornam-se amigos, partilhando histórias de voos desviados e de noites nos hotéis inesperados do Jesus, pedra fria. O Canal Travel, que como sabem trata de fantasmas, vai fazer 6 épocas de 12 episódios com "O fantasma Jesus não aparece em Santa Catarina". Joana Marques promete não fazer humor sobre o nosso aeroporto porque pode dar uma crise de acne em Jesus, Albuquerque e respectivas. É um clássico de Joana Marques.
O bom do nosso aeroporto é fechar tudo entre as 22 e as 23h e ficarem lá os passageiros jogados, se pegarem lume, como os jornalistas só vão a festas, vão saber dois dias depois pela comunicação social do continente. Felizmente o turismo rasca parece o infiel do concerto dos Coldplay, vão processar o ferry Madeira-Lisboa por não existir, nunca o Eduardinho e muito menos a Madeira, é que sempre se lembram que deixaram tudo escabaçado e pode lembrar o diabo.
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