A nda tudo a fazer pouco da gente cantava Ivone Silva e Camilo de Oliveira, numa rábula de bêbados (Agostinho e Agostinha) que ponham a nu as patifarias governamentais das governações de então (1981). Com variações de época, atualmente também “andam todos fazer pouco da gente”.
Por cá uma das patifarias maiores que estão a fazer aos madeirenses e açorianos tem a ver com o dinheiro que temos de adiantar ao Estado por conta de viajar para o território continental. Os portugueses das ilhas, sem alternativa que não seja o avião para viajarem para fora das ilhas, têm de se sujeitar a adiantar a totalidade da passagem para depois serem reembolsados. Escusado será dizer que se for uma família de três ou mais a viajar rapidamente estamos a falar de milhares de euros.
O Governo Regional só recentemente é que se mostrou recetivo a que os madeirenses só tivessem de pagar o que é devido sem as complicações dos reembolsos nos CTT, uma via-sacra que a maioria dos madeirenses conhece. Mas o parecer que a Secretaria de Eduardo Jesus emitiu para o Secretário de Estado da Presidência do Concelho de Ministros, Dr.ª Maria João Santos vai no sentido do modelo vigente.
O parecer relativamente ao diploma do PCP, que basicamente propunha que os madeirenses pagassem apenas os 79 e 59, para residentes e estudantes madeirenses, na mesma linha do que defendia o projeto de resolução do JPP apresentado pelo deputado Filipe Sousa e que espoletou este importante debate na Assembleia da República, é no sentido da manutenção do adiantamento das verbas para viajar.
O gabinete de Eduardo Jesus no parecer assinado por Raquel França, afirma que “Pode ser criado um mecanismo de financiamento que deve possibilitar ao passageiro o recurso a crédito pago a 100 % num determinado prazo…”, para mais adiante sentenciar “Numa fase posterior, quando estiver operacional a plataforma eletrónica e sem prejuízo da opção de recurso ao mecanismo financeiro para crédito, todos os beneficiários poderão obter o SSM num prazo muito curto, logo após a data emissão do bilhete, não sendo necessário aguardar pela realização dos voos, como acontece atualmente, o que constitui uma grande vantagem face à situação atual.”
Trocando por miúdos este juridiquês de gabinete, significa que os madeirenses vão ter de continuar a adiantar o dinheiro das passagens na sua totalidade para poderem viajar. Esta é a nossa realidade mesmo que o reembolso seja num “Prazo muito curto”, seja lá o que isso for.
Senhores governante, de cá e de lá, o que os madeirenses e açorianos queremos é pagar só aquilo que temos de pagar. NÃO QUEREMOS REEMBOLSOS NEM PLATAFORMAS PARA MANTER OS NEGÓCIOS DOS CTT. Esta plataforma já devia ter entrado em funcionamento em junho. Até agora não deu sinal de vida… Resta-nos adiantar as verbas e lutar para que as coisas mudem!