Teoria muita, prática nenhuma.
O pico da época de incêndios em Portugal, que leva a um aumento significativo de ocorrências, geralmente começa em julho. No entanto, a situação de alerta nacional, devido à gravidade e ao alastramento dos fogos, tem-se mantido desde o início de agosto. O ano de 2025 tem sido particularmente grave, com a área ardida a ser consideravelmente superior à de anos anteriores no mesmo período. Grandes fogos têm deflagrado em várias regiões, com destaque para as zonas do interior do país. De acordo com dados oficiais, a área total consumida pelo fogo até meados de agosto de 2025 é quase o dobro daquela registada no ano passado, o que sublinha a dimensão e a intensidade deste problema. Portugal está há duas semanas com fogos florestais, de ano para ano é cada vez pior e toda a gente está informada de que será assim. Parece que nada se faz, se corrige, se mexe, altera na logística. Os fogos aperfeiçoam-se os meios para apagar não. O Montenegro, linguarudo que antigamente acusava outro governo pelo incêndios desde a bancada do PSD, agora fica na praia como Albuquerque, confiando numa ministra em que ninguém confia.
A situação é complexa e, na verdade, não há uma única causa, mas sim um conjunto de fatores interligados que tornam o problema crónico e de difícil resolução. A análise crítica passa por entender as causas estruturais e as falhas na gestão.
O clima mediterrânico de Portugal, caracterizado por verões longos, quentes e secos, é um dos principais motores dos incêndios. A escassez de chuva durante o verão e as altas temperaturas criam as condições ideais para a ignição e propagação rápida do fogo. Além disso, a topografia acidentada de muitas regiões do interior dificulta o acesso dos meios de combate, tornando a extinção do fogo uma tarefa hercúlea.
A progressiva desertificação do interior de Portugal contribuiu significativamente para o problema. O abandono de terras agrícolas e florestais levou à acumulação de mato e vegetação densa, que servem de combustível para o fogo. Neste ano até houve chuvas no início do Verão para acentuar o crescimento de matagal. A falta de ordenamento florestal e a predominância de monoculturas, como o eucalipto, são um problema grave. O eucalipto, sendo uma espécie altamente inflamável e de crescimento rápido, domina vastas áreas e cria um cenário de alto risco. Cada incêndio acentua a existência de eucaliptos e a sua propagação é facilitada pela falta de regulamentação e fiscalização eficazes.
Apesar do aumento do investimento no combate aos incêndios, a prevenção ainda é vista por muitos como o elo mais fraco da cadeia. O foco tem estado no combate, quando a verdadeira solução reside em reduzir a quantidade de combustível disponível. A limpeza de terrenos, a criação de faixas de gestão de combustível e a sensibilização das populações são medidas que existem no papel, mas cuja implementação tem sido inconsistente. A falta de fiscalização e de punição para quem não cumpre as regras de limpeza dos terrenos contribui para a sensação de impunidade.
A maioria dos incêndios em Portugal tem origem humana, seja por negligência ou por ação deliberada. Podemos evoluir por aqui. As práticas agrícolas e florestais inadequadas, como queimadas não controladas, são uma causa comum. Além disso, a falta de educação ambiental e a ausência de uma cultura de prevenção nas comunidades rurais também contribuem para o problema. A ação de incendiários, embora responsável por uma pequena percentagem do total de ignições, é um fator de grande impacto nas áreas mais vulneráveis. Ninguém fala dos terrenos do Estado!
A sensação de que nada se faz resulta da persistência do problema. No entanto, o que parece faltar não é a ausência de ação, mas sim uma mudança de paradigma. Em vez de uma resposta reativa e centrada no combate, é necessária uma abordagem proativa e estrutural. Isto inclui:
- Aumentar a diversidade de espécies e incentivar a plantação de espécies nativas, menos inflamáveis, em detrimento do eucalipto.
- Incentivar a fixação de pessoas no interior e o regresso às práticas agrícolas tradicionais que ajudavam a manter o território limpo.
- Reforçar a fiscalização e aplicar sanções mais rigorosas para quem não cumpre as regras de limpeza e gestão do território.
- Priorizar o investimento em medidas de prevenção em detrimento do combate, através de campanhas de sensibilização e programas de apoio à limpeza de terrenos.
A repetição dos incêndios é um sintoma de um problema estrutural que exige políticas de longo prazo e um compromisso sério de todos os intervenientes, desde o governo aos cidadãos.
Em Portugal palra-se demais! Assim acabará calcinado e país de eucaliptos e infestantes.
Pela gravidade da situação, com outro Governo, estava instalada maior indignação.
E na Madeira o que se fez depois dos nossos incêndios?
