A pós 12 anos na presidência da Câmara Municipal de Porto Moniz, Emanuel Câmara deixa um concelho financeiramente equilibrado, mas com desafios estruturais persistentes. A dívida municipal baixou de 4,2 milhões de euros em 2013 para 519 mil em 2025. Contudo, críticos consideram que a sua atuação foi mais de gestão do que de transformação, apontando a falta de grandes obras e o continuado declínio populacional.
Vertente social:
O autarca implementou políticas de apoio à natalidade (Nascer+), creches gratuitas e programas para idosos (Gabinete do Idoso, Universidade Sénior), valendo ao município o título de “Autarquia Solidária”. Apesar disso, o concelho perdeu 7% da população entre 2011 e 2021, mantendo baixos índices de natalidade. A oposição tem questionado a transparência na atribuição de bolsas e apoios agrícolas, denunciando alegada “dualidade de critérios” e momentos de “falta de cultura democrática” em sessões camarárias, acusações sempre rejeitadas pelo autarca.
Vertente cultural:
A Semana do Mar tornou-se a principal marca cultural do concelho, evoluindo de uma regata local para um evento regional de grande dimensão. A iniciativa atraiu milhares de visitantes, mas tem sido criticada pelo peso orçamental (cerca de 10% do total municipal) e pela concentração dos benefícios na vila sede, deixando outras freguesias à margem. A ausência de estudos independentes sobre o impacto económico fragiliza a defesa do investimento. Também houve atritos políticos sobre a gestão de equipamentos como o Centro de Ciência Viva e o Aquário da Madeira.
Vertente educacional:
O executivo reforçou o apoio aos estudantes, com bolsas, prémios de mérito e medidas que reduziram o insucesso escolar de 8,9% (2014/15) para cerca de 3% (2023/24). A fixação de jovens qualificados continua difícil: apenas 6% dos residentes têm formação superior, sinal de que os incentivos não são suficientes para fixar os jovens diplomados.
Vertente económica e financeira:
O principal mérito de Emanuel Câmara está na consolidação orçamental. A dívida mínima e receitas próprias em alta permitiu a concretização de pequenas obras de proximidade, como repavimentações e novos estacionamentos, mas faltaram projetos estruturantes. Muitas das infraestruturas emblemáticas (piscinas, aquário, estradas) datam de mandatos anteriores e as suas promessas eleitorais — estradas, frentes-mar — ficaram por executar. Emanuel Câmara é acusado de excesso de prudência e de ter sacrificado investimento em nome da poupança.
Conclusão:
Emanuel Câmara deixa uma autarquia mais estável financeiramente e é reconhecido pela sua ação social e educacional. As críticas à falta de ambição e à relação tensa com o Governo Regional contrastam com o elogio à boa gestão financeira. A eleição do seu filho, Olavo Câmara, assegura a continuidade de uma dinastia política, mas levanta questões sobre renovação e futuro do concelho.
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