A crónica da obediência política de Vera Duarte


L i com atenção o artigo de opinião assinado por Vera Duarte no JM (link), em defesa quase cega da candidatura de Jorge Carvalho à Câmara do Funchal. E confesso: ainda procuro, linha após linha, onde é que a senhora deputada identifica essas tais “propostas concretas” que tanto elogia. Porque, sejamos sérios, ninguém as conhece. O candidato não apresentou ideias, não debateu soluções, não mostrou uma visão. Limitou-se a ser o que todos já perceberam: uma marioneta de Miguel Albuquerque e Pedro Calado, refém dos interesses instalados, um rosto sem autonomia e sem densidade política.

A senhora deputada, no seu entusiasmo partidário, cai na velha armadilha de pintar tudo o que não é PSD como populismo, demagogia ou falta de “projetos fiáveis”. Mas pergunto: qual é a fiabilidade de um candidato que não tem voz própria? Qual é a seriedade de uma candidatura feita à medida das conveniências internas de um partido que há muito tempo governa para se proteger a si mesmo?

É curioso, para não dizer insultuoso, que Vera Duarte queira vender a ideia de que a lista PSD/CDS ao Funchal é composta por pessoas mais competentes que todas as outras candidaturas. A realidade é bem outra: há gente com mérito em várias listas, há competência dispersa por vários quadrantes políticos, e não é preciso o carimbo do PSD para se ser capaz. Aliás, no histórico recente do partido, abundam exemplos de “competentes” que afinal se revelaram apenas fiéis ao compadrio e à teia de interesses.

E aqui coloco a questão diretamente: o que faz de diferente Vera Duarte para conservar o eleitorado? Que contributo dá, para além de repetir a cartilha partidária e tentar reforçar a sua própria sobrevivência política? Porque não nos enganemos: o esforço é menos em convencer os eleitores e mais em convencer o aparelho do PSD de que ainda merece um lugar à mesa. Para isso, parece bastar-lhe a pose, o elogio fácil aos chefes e o jogo de bastidores.

Se esta é a “nova política” que o PSD Madeira tem para oferecer, então compreende-se porque tantos madeirenses estão fartos de mais do mesmo.