Carta Aberta ao Beto do Naval


Caro Beto,

E screvo-te em nome do Madeira Opina — ou talvez melhor dizer, em defesa da sua escolha. Há quem confunda anonimato com cobardia, mas na verdade ele é, muitas vezes, apenas um abrigo necessário. Nem todos tiveram o privilégio de nascer no 10.º andar, com vista desafogada e costas largas para enfrentar tempestades.

Há os que vivem com os pés bem assentes no chão: trabalham, pagam contas, sustentam famílias. E mesmo assim não se furtam a lutar, pela liberdade, pela democracia, por um espaço mais justo onde a palavra seja livre e a crítica não custe a dignidade nem o sustento.

O Madeira Opina é um desses. A sua voz anónima não significa ausência de coragem, mas a consciência de que há riscos que não se podem assumir de peito aberto sem comprometer muito mais do que a própria pele. Ele não abdica da luta, apenas escolhe a forma que lhe permite persistir.

A democracia precisa de rostos visíveis, mas também de vozes discretas; de quem fala no palanque, mas igualmente de quem resiste atrás de um nome inventado, protegendo a vida concreta que existe para além do debate. Sem uns nem outros, o sistema livre que desejamos fica incompleto.

Por isso, o Madeira Opina existe. E deve existir. Porque o essencial não é se a voz vem com rosto ou máscara, mas sim se acrescenta verdade e esperança a esta caminhada comum.

Com estima,

Um leitor, do Madeira Opina.