Em resposta aos comentários no Facebook da "Reclamação: quando a festa é mais importante do que a Saúde" (link).
É fascinante observar como alguns comentadores conseguiram transformar uma legítima preocupação com o bem-estar dos doentes numa suposta "questão partidária". Permitam-me esclarecer alguns pontos para quem teve dificuldades de interpretação:
1. Sobre partidarismo inexistente:
O artigo não menciona uma única vez o JPP ou qualquer outro partido político. Critica especificamente a Junta de Freguesia de São Martinho (que autorizou), a administração do Hospital (que não interveio) e a Câmara do Funchal (pela falta de supervisão). Curiosamente, estas entidades representam diferentes cores políticas - mas isso é irrelevante para a questão central.
2. A verdadeira questão:
Enquanto alguns se focam em novelas políticas e vitimização, o artigo aborda o essencial: doentes internados num hospital não devem ser submetidos a ruído excessivo durante a noite. Isto deveria ser consensual para qualquer pessoa com um mínimo de sensibilidade.
3. Sobre "outros eventos":
Se existiram ou existem outras festas de outros partidos que causam o mesmo transtorno aos doentes, a crítica aplica-se exatamente da mesma forma. O problema não é quem organiza - é o impacto nos doentes.
4. Legislação não é opinião:
Cumprir a legislação não é um favor, é uma obrigação. E quando se fala de ruído próximo de hospitais, há mais legislação em vigor, que apenas a lei do ruído que dizem cumprir, novamente uma visão muito simplista e ignorante de quem comentou que todas as leis e regras foram cumpridas, incluindo que obtiveram as autorizações todas necessárias, quando o próprio artigo/ reclamação foi precisamente sobre as ditas autorizações terem sido emitidas, criticando exactamente quem as autorizou, que até são de outro partido! Enfim... Cada um vê o que quer, talvez só sentindo na pele (neste caso nos ouvidos) para compreenderem.
Mas é muito revelador que, perante uma crítica ao ruído junto a um hospital, a reação instintiva seja "mas nós somos vítimas de perseguição política".
Talvez seja altura de trocar os óculos partidários por óculos que permitam ver doentes a tentar recuperar em paz.
A liberdade de expressão que tanto defendem aplica-se também ao direito de criticar decisões administrativas questionáveis - independentemente de quem as toma.
Vocês só olham para a vossa barriga e viram a reclamação como uma ameaça a tachos prometidos, ou ilusão de promessa. Mas foram vocês que mencionaram partidos políticos, nem vos passou por essas cabeças que quem fez a reclamação é alguém que está internado ou que tem alguém internado no hospital e nem faz a ideia se é festa de partido ou não, que a única coisa que sabe é que precisa ou o seu familiar precisa, de descanso, e em vez isso está é a ouvir o "malhão malhão".
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