“Vale Tudo” no PSD Madeira


N o Funchal, a novela do PSD já ganhou título de horário nobre: “Vale Tudo”. O enredo é previsível: o candidato à Câmara vai avançar, mas vai contrariado. Não era a primeira escolha, talvez nem a segunda. Foi mais ao estilo “quem perde, leva”.

E desde logo salta à vista: não há entusiasmo, não há chama, não há vontade de lutar pela cidade. O que se vê é alguém empurrado para o palco, sem convicção, como quem cumpre castigo e não missão. Quando a própria expressão do candidato transmite enfado, como esperar que os funchalenses acreditem numa promessa de futuro?

Fala-se de mudança, mas o partido apresenta-se sem energia, sem ideias e sem equipa. É aquele arranque de campanha em que até os militantes torcem o nariz: uns porque não acreditam, outros porque sabem que o candidato foi inventado à pressa, como quem puxa uma figurinha de última hora para tapar o buraco. Não se sente alma, não se sente projeto. Sente-se improviso.

No fundo, o PSD está a oferecer ao Funchal um candidato sem garra, sem alma e sem vontade própria. Um candidato que já começa derrotado antes de sequer pedir o primeiro voto. E depois ainda se perguntam porque é que as pessoas estão fartas das mesmas caras e do mesmo teatro.

Mas o pior nem é isso. O pior é que, ainda que o vale-tudo seja possível, o PSD parece não perceber o estado em que a Câmara já se encontra: desorganizada, caótica, à beira da implosão administrativa. Neste contexto, improvisar candidato não é só irresponsável, é brincar com fogo.

O Funchal não precisa de um estreante a aprender à pressa o que é expediente, despacho ou processo. Precisa de alguém com experiência em administração pública, em autarquias, em gestão de serviços e de pessoas. Porque a Câmara está num tal estado de desarrumação que qualquer passo em falso agrava o caos. Cada decisão mal tomada será mais uma pedra no caminho dos funcionários e mais um atraso nos serviços que os cidadãos esperam.

Este vale-tudo à força, longe de resolver o problema, só o agrava. O que está em causa não é só a vitória ou derrota do PSD: é o funcionamento diário da instituição. Quem paga a fatura não são os caciques partidários, são os munícipes, os trabalhadores da Câmara, a cidade inteira, que vê a máquina municipal cada vez mais emperrada.

O Funchal merece alguém que queira governar e que saiba governar. Não alguém que foi empurrado para o palco contra a vontade, não alguém escolhido à pressa, não alguém sem alma nem garra. Porque uma cidade não se governa com frete, e muito menos com segundas escolhas disfarçadas de protagonistas.

No PSD Madeira, ao que parece, “Vale Tudo”. Mas para o Funchal, esse vale-tudo pode custar muito caro.

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