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Jesus "insustentável" |
Q uando se aproximam eleições, as promessas aparecem com a mesma frequência que outdoors e sorrisos ensaiados. Na semana passada, Eduardo Jesus, secretário regional do Turismo e Mobilidade, voltou a acenar com o velho trunfo: a plataforma do subsídio de mobilidade, agora com “entrega garantida até dezembro”.
Sim, até dezembro.
Precisamente o tipo de promessa que reaparece sempre quando o calendário eleitoral o exige — e que desaparece assim que as urnas se fecham. A história repete-se. Desde 2015 que os madeirenses ouvem falar de uma solução “definitiva”, “simples” e “digital” para o reembolso do subsídio de mobilidade.
A cada ano, uma nova data.
A cada campanha, uma nova maquete.
E, no fim, o mesmo problema: cidadãos a preencher formulários, a aguardar transferências e a enfrentar um sistema que continua mais lento do que um voo atrasado da TAP.
Agora, Eduardo Jesus garante que desta vez é a sério. Que a plataforma vai revolucionar o processo. Que o governo regional está “a trabalhar intensamente” com Lisboa. E que tudo estará pronto “até dezembro”. Convenientemente, nas eleições. Prometer é fácil. Cumprir é que custa.
O subsídio de mobilidade é essencial para milhares de madeirenses e açorianos — um direito, não um favor. Mas tem sido tratado como arma de propaganda, uma espécie de presente eleitoral empacotado com fita laranja.
Eduardo Jesus promete simplificação digital.
Os madeirenses, no entanto, já conhecem o guião: promessas de véspera, anúncios reciclados e um silêncio administrativo que dura até à próxima campanha. Memória curta, paciência longa.
Enquanto a população continua a pagar viagens caras e a esperar reembolsos demorados, o governo regional faz mais um número de relações públicas.
E muitos perguntam-se: será que desta vez é diferente — ou é só mais um episódio do mesmo teatro político?
Na Madeira, prometer para dezembro é fácil.
Difícil é chegar a janeiro e ter algo para mostrar. Não é verdade “bardamerda” (do dicionário)?