N ão sou do PSD, conheço os dois novos Presidentes de Câmara do Funchal e de Câmara de Lobos e quero fazer uma análise objectiva. Se fosse por empatia, Bettencourt estava eleito Presidente da AMRAM (Associação de Municípios da Região Autónoma da Madeira), mas não vamos por aí. A bem do mérito, se é que ainda há no PSD-M.
Com 32.874 inscritos no Concelho de Câmara de Lobos, Bettencourt obteve 10.310 votos o que representa 31,36%. Jorge Carvalho, em 104.484 inscritos obteve 21.779 votos, o que representa 20,84% dos votos, que, como sabemos, é um resultado que não daria para ganhar Miguel Silva Gouveia se repetisse o score de 2021 (22.694 votos). Para além disso, e porque a comunicação social dá sempre o jeito ao PSD Madeira, não esquecer que o PSD perdeu 5.062 votos num mandato que se pinta de sucesso mas que "arrasou".
Quero dizer que Bettecourt não escondeu nada para ganhar Câmara de Lobos, Jorge Carvalho sim, o Programa Eleitoral, o Vice Presidente, etc. Alguns Presidentes de Junta da sua candidatura agora querem ideias da população para governar, o que é inarrável e é uma crítica à forma como se elege pessoas na Madeira.
Mas dizia...
A candidatura de Celso Bettencourt para a liderança da AMRAM baseia-se numa performance eleitoral superior e numa demonstração de maior capacidade de mobilização eleitoral no seu concelho, o que é um fator crucial para quem ambiciona liderar uma associação de municípios. Bettencourt teve a força incontestável da base eleitoral e a eficácia na mobilização, Carvalho começou tarde, ganhou, é verdade, mas foi um arrastamento para quem quiser ver com olhos de ver.
Pelos números apresentados, Bettencourt demonstrou ser muito mais eficaz a mobilizar o seu eleitorado, conseguindo conquistar uma percentagem significativamente maior da base de inscritos. Esta eficácia e penetração eleitoral no seu concelho confere-lhe um mandato mais robusto e uma base de legitimidade mais forte para liderar.
Apesar do clima amorfo de "mais um órgão" a que o PSD remeteu a AMRAM (só lhe darão valor quando precisarem de fazer política), este precisa de uma pessoa capaz de alcançar todas as pessoas dos municípios da Madeira, que como sabemos ficou numa palete de cores bem diversa e onde o PSD já não consta a norte. A performance de Jorge Carvalho no Funchal levanta sérias dúvidas sobre a sua capacidade de agregar e garantir vitórias em contextos eleitorais mais competitivos, um sinal de alerta para quem deve liderar a estrutura municipal.
O JPP fez o seu trabalho mas é preciso mais para vencer no Funchal, está num processo de crescimento e precisa de cuidar da naturalidade dos candidatos. As pessoas ligam a isso, não gostam de "assaltos", Rubina Leal do Caniço/Santa Cruz também não se deu bem. Se continuar a saber escolher candidatos poderá ter uma palavra a dizer, cuidando dos votos que conquista, porque eles também se perdem com arrogância e suspeições infundadas. Aqui se pergunta porque é que Élia Ascensão, com 10.703 votos num universo de inscritos de 40.284 votantes, representa 26.50%, não é candidata? E eu respondo com um dado sinistro e que tem a ver com a dimensão das vitórias, o PSD coligado com o CDS ou sozinho, obteve 39 mandatos de autarcas, a oposição no conjunto obteve 32. Outro dado curioso, o PS obteve 10 mandatos e o JPP 8.
Como se sabe, e do que li, a eleição dos membros do Conselho Executivo, que inclui o cargo de Presidente da AMRAM, é realizada por listas. Os candidatos, incluindo o candidato a Presidente, são propostos integrados numa lista para o Conselho Executivo. Nos estatutos da AMRAM, como associação, não especifica publicamente no seu regulamento uma forma detalhada de apresentação das listas (quem as propõe, prazos, etc.), mas no contexto de uma associação de municípios, as listas são tipicamente propostas pelos partidos políticos (coligações) que representam os municípios, ou pelos próprios membros da Assembleia Intermunicipal (Presidentes de Câmara). Na prática, a lista é acordada politicamente entre os partidos com representação maioritária nos municípios (historicamente, no caso da AMRAM, o PSD. É claro que o raciocínio anterior tem influência.
Os partidos são o que são, por exemplo, o PS quis nas suas idiotices internas, de não dar o candidato que o Funchal queria, ficou com um vereador quando poderia sonhar em ganhar ou ter um acordo pós eleitoral favorável no Funchal. Acredito piamente que Miguel Silva Gouveia seria muito mais leal numa parceria para levar até ao fim, da mesma maneira como fez oposição permanente, ao mesmo nível, em 4 anos. E com uma vitória no Funchal, o PS abafaria a noção de perda global por causa da Ponta do Sol. Mas isto são teorias e achegas, o facto é o resultado de Jorge Carvalho que não seria suficiente para vencer noutras circunstâncias. Depois, ainda temos a gestão persecutória e sinistra de Carvalho na Educação, por mais que escreva livros de revisionismo. Liderar a AMRAM exige uma figura que transmita confiança na vitória e não uma cuja performance, ainda que vitoriosa, dependa da quebra do adversário. Bettencourt representa uma vitória mais sólida em termos percentuais na aceitação.
É preciso um líder na AMRAM com a coragem de olhar para os números reais e não para a narrativa mediática. Celso Bettencourt, com o seu resultado de alta percentagem de mobilização, apresenta-se como um elemento de renovação da confiança, capaz de contrariar a tendência de "derrota" escondida nos totais. Representa a força da base, a eficácia do trabalho no terreno e a renovação da legitimidade percentual, fatores essenciais para liderar uma Associação de Municípios com autoridade e visão.
Finalmente, acho que não se imiscuindo no trabalho dos eleitos do concelho, que o Presidente da AMRAM deveria ser mais ativo e visitar os concelhos, afinal representa todos. Vistas de trabalho, visíveis à população. Bettencourt tem empatia para isso. Uma boca final, o PSD-M nunca se lembrou de dar um Presidente da AMRAM ao norte, talvez por falta de carisma para vencer no Ad-Hoc da candidatura à AMRAM. Agora desertificou.
Mensagem para o Madeira Opina: mandem o "Beto do Naval" dar banho ao cão em vez de conspurcar um espaço mais capaz de fazer o que ele e seu jornal não fazem ou não podem.
