Exmo. Senhor Presidente,
A s Assistentes Sociais da Madeira, algumas, têm a honra, e o infinito sentido de humor, de o convidar para uma visita guiada à “Madeira Real”, aquela onde vivem os idosos que não têm vaga em lares, as famílias que não conseguem pagar 1.500/2000 € por mês por uma cama partilhada, e os profissionais que tentam, entre papéis e promessas, segurar um sistema que envelhece sem apoio. Com toda a consideração que o cargo impõe, mas a loucura não, e o humor que a realidade obriga, convidá-lo a uma visita guiada ao outro lado da ilha
Será uma oportunidade rara para conhecer de perto o “campo” onde jogamos todos os dias: o campo das famílias desesperadas, das mãos atadas, dos idosos esquecidos, das cuidadoras exaustas e dos profissionais que tentam remendar políticas públicas com fita cola e boa vontade.
Durante a visita, o Senhor Presidente poderá observar:
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As listas de espera — mais longas que o “fairway” do seu campo preferido;
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Os lares lotados, onde cada cama é partilhada com a esperança;
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Os idosos que não jogam golfe, mas que dariam tudo por um banco no jardim com companhia e dignidade;
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E, claro, as Assistentes Sociais, essas criaturas teimosas que continuam a acreditar que envelhecer devia ser um direito e não uma sentença económica... apesar das "bocas".
Depois do percurso, oferecemos um lanche simbólico: pão e realidade, sem paz, muito povo mas sem liberdade. Não terá catering de luxo nem vista para o mar, mas garantimos algo mais nutritivo, o contacto direto com a Região que o seu Governo parece ter esquecido entre uma promessa e uma inauguração.
Sabemos que o Senhor Presidente gosta de falar de “desenvolvimento”, de “investimento”, e de “progresso”. Por isso, convidamo-lo a investir algumas horas a ouvir quem vive no terreno, a investir atenção nas necessidades reais, e a progredir… mas na direção certa.
Não é preciso trazer tacos de golfe, basta trazer consciência.
Com estima, ironia e uma ponta de esperança,
As Assistentes Sociais da Madeira
(que continuam a trabalhar para tapar os buracos que o Governo deixa, não os dos campos de golfe, mas os da dignidade humana).